Páginas

sábado, outubro 20, 2012

Você chegou com um ar de quem estava só se divertindo... você me pegou de surpresa e roubou um beijo meu. E eu pensei que isso era tudo. Então você quis repetir a dose, e eu, não tão pega de surpresa assim, deixei... eu decidi que, se pela primeira vez em tanto tempo eu quis me envolver, eu faria isso. Mas sem pretensão, sem perspectivas, sem olhar muito à frente. Então 'a gente' não passava de uma coisa casual, até que, de um dia pro outro, você falou de mim pras pessoas, quis andar de mãos dadas, fez planos comigo... as pessoas olham pra mim esperando que eu diga o que é que eu estou fazendo. E a verdade é que eu não sei. E se você sabe, ainda não me contou.
Por que você está dizendo pras pessoas que eu sou mais do que algo casual, se você nunca me disse nada? Hoje eu senti algum medo, medo de estar enganada. Medo de ser pega de surpresa. Porque eu ainda não estou pronta pra nada dessas coisas que escapam do meu controle...

Sobre pertencer

E então eu voltei pra essa cidade fria e vazia, e - não sei se porque eu realmente procurei por isso, e/ou se porque eu precisava disso - eu projetei em você o meu porto-seguro. O lar, aquele que sempre está lá quando você precisa voltar. Aquele que te faz se sentir confortável, e que espera você e o seu momento. A decoração nem era do meu jeito, a fachada nem tinha a minha cara, mas era o meu lar...
Então esse mundinho sacana deu meia volta, sacudiu e te jogou pra fora do meu mundo. Foi pá-pum. Não tive tempo de pensar, de planejar, só vi você chegar sorrindo e comemorando, e tudo o que eu consegui fazer foi dar um sorriso de lábios cerrados e ficar por ali uns cinco minutos, até que eu sufoquei e procurei um canto escuro pra eu poder chorar e chorar e chorar. Por quê? Nossa, quantas vezes eu me fiz essa pergunta. Eu não entendi no início, nem sei se entendo agora. Mas é que, e aí? Você vai embora e eu o quê? Vou dividir com quem minhas coisas? Vou contar pra quem aquelas surpresinhas agradáveis ou não que o dia me faz? Vou cozinhar com quem? Vou ser ouvida por quem? É, a verdade é que agora, mais do que nunca, eu me sinto só. E eu estou, mesmo, só.
Passar a pertencer tem sido um processo trabalhoso demais pra mim...

quinta-feira, outubro 18, 2012

Ninguém se importa*

Enquanto você dorme… ninguém se importa.
O dia amanhece, anoitece, bebemos, ficamos sóbrios… ninguém se importa.
Sou o muro onde o medo se apóia, sou o nada que alguém quer usar… ninguém se importa.
Sou a pedra na rua que você vai chutar,
Sou lixo que quer descartar,
Sou o que você não sabe lidar.
Sou destrato com um confidente,
Sou importante como um indigente,
Sou nada em forma de imponente.
Ninguém se importa.
Sou o que você mal vai se lembrar…
Ninguém se importa.
Especialmente você.

*Texto de Artur Caneda