Você percebe que as coisas estão fora do lugar quando você esquece que nome dar pra tudo o que você já viveu, quando você não se lembra mais de como se sentia. E, quando você se dá conta de que já é tarde demais, de que já passou pra todo mundo e você é o único preso naquela realidade puída, o único que não se apegou a mais nada, é aí que você começa a mendigar umas razões pra viver. Você passa uma semana sem se lembrar e, quando se lembra, sente culpa, e culpa insana já que você é o único que segue cultivando aquele apego bobo, infantil e ultrapassado. É aí que você começar em vão a tentar se lembrar do que te faz feliz. E então você percebe que, de alguma forma inexplicável, essas coisas que te fazem feliz já nem existem mais. E que você não consegue, nem emagrecendo vinte quilos ou se cortando em mil pedaços, se encaixar no óbvio. E que você não é capaz há muito tempo de ser feliz ou sequer de caber no espaço milimetricamente pouco e ingrato que o universo é capaz de te oferecer.
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