Toma, eu tô te dando. Pega esse embrulho, vai. Mas não esconde atrás do guarda-roupas, não enfia debaixo da cama. Abra. Abrace. Depois guarde no peito. Toma aí, vai, um pouco da fé que eu tenho em você.
Eu não sei por que você está passando agora. Seria hipocrisia dizer que eu já vivi isso, ou que eu consigo imaginar o que você tá sentindo. Mas se eu pudesse, aqui e agora, juntar toda a fé que eu tenho em você, eu te mandaria por e-mail ou por correio ou levaria comigo e te entregaria pessoalmente. Porque é muito devastadora essa força que eu tenho no peito pra acreditar em você. Você é linda e inteligente e esperta e engraçada e agradável e gentil e amável e interessante e franca e sincera e o que mais eu posso dizer? Que você tem tudo pra ser amada? Sim, você tem. É verdade que talvez as pessoas às vezes nos oferecem um amor limitado e pouco e mesquinho. E é verdade que as pessoas geralmente amam por motivos errados ou pequenos ou egoístas. Mas também é verdade que há pessoas no mundo que sabem amar de forma completa e que sabem se entregar e que sabem juntar o vazio que têm no peito pra se preencher mutuamente. Neste ponto, meu bem, você está enganada se pensa que é o único exemplar neste mundo. Te amar, pra quem está a sua volta, é quase compulsório. Então apenas deixe. Deixe as pessoas te mostrarem que não acabou. Que não é por ai. Deixe as pessoas se aproximarem, e talvez até te amarem pelo motivo errado, até entenderem, então, qual é o certo. Porque quando elas chegarem onde eu cheguei, quando elas encontrarem você por completo, quando elas alcançarem o lugar que poucos conseguem alcançar, elas não vão querer sair.
(Mas, é claro, eu estou falando daquelas pessoas que sabem amar.)