Antes que se componha uma melodia inesquecível aos ouvidos, faz-se necessário um extenso silêncio pra permitir que a mente vague e que a criatividade repouse divina sobre o artista. Antes de um grande passo, um momento de pausa e de reclusa para que se tome os ares e a coragem para levar a cabo a decisão. Antes de juntar as mãos e prender o coração, é preciso ficar só e dar-se por inteiro a se conhecer. Antes das palmas calorosas e do reconhecimento, a dor sincera no peito que faz sentir-se real a tragédia, que faz valer o drama da peça. Antes da obra-prima que se reconhecerá por séculos, o quadro branco, seco e igual a fitar o artista. Antes da estreia repleta das gentes e dos sorrisos afetuosos e de expectativa, os ensaios fechados e as palavras recitadas ao vento.
Antes do tudo, o nada. Para que aquele se faça reconhecer.
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