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quarta-feira, agosto 15, 2012

Air Crash

I'm flying high now, cause it's time for me to leave. I'm just trying to run away from us and our past. I'm sorry if it sounds weak, but strength it's not my gift, mostly because I have already tried to do my best. I took the first airplane, I left without saying goodbye. It wouldn't make it any easier to look into your eyes, since you told me that we don't match, don't work, don't fit, without showing any will of trying to fix my heart.
Now I'm in the middle of the air crash. I'm three thousand feet above the ground, but I've lost my fears for now. I'm gonna die in a split of second, I did a pray and I'm ready now.
Your face covers my sight, your name is all I know. My chest now is stagnant, and my lung seems so vain. But I can't understand the way I feel in soul. It's more and more calm as the fire washes the pain. But I can see your face just trying to believe it, and, even just for a while, you're going to be sorry for not holding my hands, for letting me to leave, and for a day or two you will revive our story.

segunda-feira, agosto 13, 2012

Uma breve reflexão...*

*Trecho do texto retirado do blog Just Wrapped

"[...] Isso porque apenas na vida real e não na ficção achamos razoável conviver com diálogos que não fazem sentido, pessoas que aparecem e desaparecem sem a menor explicação, eventos que parecem ser importantes mas não dão em nada e gente que passa seis anos reclamando da saudade que sente de alguém mas depois subitamente decide ficar com outra pessoa e dizer que tá tudo bem agora – here’s looking at you, Sayid. Na vida real gostaríamos de ver sentido, organização, arcos fechados com personagens que efetivamente se desenvolvem e terminam num final feliz, mas frequentemente temos que nos contentar com atuações questionáveis, gente agindo fora do personagem e eventos totalmente randômicos que não apenas não se encaixam na jornada do herói como ferem as leis de trânsito e até mesmo a constituição. [...]"

domingo, agosto 12, 2012

Teste

Eu me levantei da cama, mudei um pouco os meus planos, me arrumei, só porque eu tinha uma desculpa plausível pra te ver. Eu não queria te ver porque eu estava com saudade ou porque queria fazer piadas idiotas e te ver rir ou porque queria ficar do seu lado com as mãos nas suas o tempo todo ou porque queria me iludir acreditando que alguma coisa poderia mudar. Eu só queria me testar. E te testar.
Eu queria testar a minha capacidade de aceitação e o meu autocontrole e minha maturidade emocional. Eu queria testar a sua capacidade de ignorar tudo o que eu escrevi para você e sobre você e de olhar nos meus olhos com um sorriso empolgado e dizer um extenso oi. Eu queria testar a sua capacidade de ser totalmente indiferente ao fato de que eu vou voltar praquela cidade estranha e fria sem ter ninguém com quem contar e tendo decidido - de forma hiperbólica - que eu nunca vou recorrer a você, nem que eu esteja morrendo, porque você simplesmente me ignorou enquanto eu sofri. Eu queria ver você agindo normalmente diante de tudo e me tratando como aquela colega de turma de uns dois anos atrás, e eu poderia dizer aqui, pra causar algum efeito no texto, que você fingiu que não havia nada de errado, mas a verdade é que, de fato, você não lamenta por nada, e que pra você, de fato, não tem absolutamente nada fora do lugar.
Bem, você passou no teste. Eu não. Porque depois de tanto tempo e apesar de estar tão bem, eu tornei a chorar, uma ou duas vezes, não sei bem por quê. Talvez pela constatação de que eu tenha me entregado tanto a algo de que alguém se desfez sem sequer lamentar.

Mini-conto #5*

*Do blog Just Wrapped
Nós dois estávamos deitados na cama e ela tinha acabado de contar uma história. Coberta até o pescoço, se ajeitava no travesseiro enquanto eu encostava as pontas dos meus dedos descalços na sola do pé gelado dela, meio fazendo carinho, meio fazendo cócegas, meio fazendo nada. Ela pegou alguma coisa no criado mudo e virou pra mim, sorrindo. Eu sorri de volta e ela, encostando uma perna na minha, me perguntou “o quê?”.
Minha primeira reação foi dizer um “você é linda, sabia?”. Primeiro porque era verdade, ela era sim linda. Os olhos dela me desarmavam, o sorriso dela me deixava a 5 cm do chão, o jeito como o cabelo dela caia na testa mexia com sentimentos que eu nem sabia que tinha e possivelmente relacionamentos duradouros já tinham começado baseados em menos afeto e atração do que eu sentia pelo lóbulo esquerdo da orelha dela, num dia em que ela achava que estava “desarrumada e sem graça”, chegando do trabalho ou coisa assim.
Mas achei que um “linda” não seria certo, por conta das implicações. Afinal, se uma garota ouve de um namorado um “linda” ela acaba lendo naquilo uma mensagem implícita de que a aparência dela está sendo filtrada pelos sentimentos dele, ou seja, é um “você é linda porque eu gosto de você”. O que definitivamente não era verdade. Não que eu não gostasse dela, eu gostava muito, mas eu queria deixar claro que ela era linda como 0 kelvin é frio, os Beatles são bacanas e Mogo é o melhor Lanterna Verde: não era uma opinião, era uma constatação factual, fatal, quase científica. Naquele momento eu queria explicar, mas não soube, que ela seria linda pra um telescópio da NASA, para um visitante alienígena, pra um canoísta maori ou para um observador situado num ponto O, localizado na margem de um rio e que precisa determinar sua distância até um ponto P, localizado na outra margem, sem atravessar o rio. Lógico feito trigonometria.
Pensei em dizer que ela me fazia feliz. Que depois dela eu tinha tido contato com alguns níveis de empolgação, diversão e satisfação que eu só havia lido nos livros, visto nos filmes e observado constrangido nos desenhos dos Ursinhos Carinhos, com a vantagem de que ela tinha um gosto musical muito melhor e nunca precisou disparar raios coloridos em locais públicos, porque isso seria meio chato e constrangedor. Que em momentos assim, quando ela encostava no meu ombro, mordia meu pescoço ou apenas ficava deitada no meu peito, eu me sentia mais tranqüilo do que em casa, mais relaxado do que quando eu bebia, mais feliz do que quando eu fazia gol de bicicleta em noite chuvosa na última queda da pelada de quarta-feira. E deus sabe que gol de bicicleta – bicicleta mesmo, não tô falando de puxeta – é um troço muito foda e se eu fiz uns dois nessa vida foi muito.
E eu pensei em dizer isso. E pensei em dizer que queria que aquilo não acabasse, que a gente devia passar mais tempo assim, que queria tirar logo a carteira de motorista pra poder encontrar com ela no trabalho qualquer dia desses, que provavelmente nunca tinha gostado de ninguém daquele jeito e que eu realmente queria que ela se vestisse de batmoça em algum final de semana desses, ainda que esse tópico fosse totalmente não-relacionado aos assuntos anteriores e só tivesse a ver com o fato de que ela realmente ficaria muito gostosa de preto e com aquela máscara. Mary Marvel podia ser bacana também, se fosse o uniforme vermelho clássico e rolasse a sainha.
Mas quando ela piscou pra mim e, já rindo, me perguntou “ei, o quê?”, tudo que eu consegui fazer foi responder “o que o quê?”. Aí ela devolveu um “o que o que o quê?”, fizemos uma piada boba sobre aquilo ter virado um passa ou repassa e a possibilidade do Celso Portiolli sair gritando “valendooo” de dentro do banheiro. Daí voltamos a conversar e bem…acho que as vezes existem coisas que a gente apenas não sabe como dizer, por mais que queira.
E não, não tô falando apenas do lance da Mary Marvel.

terça-feira, agosto 07, 2012

Estranharte

Conversas cotidianas substituidas pelo tiquetaquear frenético de um relógio silente, aquele que marca o tempo psicológico, e que avança e regride ao longo dos dias, contrariando os nossos desejos mais profundos. O meu relógio parou pelo que pareceu uma década, mas eu devo estar enganada, porque só se passou uma folha do meu calendário. Olhares chegados permutados em ausência. Uma ausência tão real que chega a ser palpável.
Essa ausência que quase chega a ser palpável, por certa década que meu relógio pareceu marcar, substituiu o ar nos meus pulmões, substituiu meu apetite e algumas outras coisas que costumavam ser vitais. Mas tudo isso apenas por um período de desconhecimento e vazio mental. Me deparei com muitas formas do desconhecido, e cresci um pouco, também. Mas você consegue imaginar o quão assustador é você plantar uma tulipa, e regar, e regar, e um belo dia você olhar pra ela e não conseguir reconhecer a flor que você escolheu? Não saber dizer se é uma rosa, ou se é um girassol, ou se morreu, ou se secou? É como se algo muito estranho pairasse sobre ela, obliterando sua visão e te impedindo de chegar mais perto?
Eu nunca pensei que poderia ser tão perturbador olhar em volta e se dar conta de que o que era familiar se tornou obscuro e intocável. E eu tenho cada vez mais terror e medo e desconfiança de tentar alcançar tudo o que te diz respeito. É cada vez mais difícil pensar em você. Em quase todos os sentidos possíveis. É cada vez menos frequente, menos verossimil, menos justificável.
Quando você atravessa minha mente, quando eu me lembro de nós, quando, sem querer, eu me imagino falando com você hoje, tudo soa surreal, improvável, quase impossível. Parece-me que tem muitas peças faltando. Você-ontem, você-hoje, não são as mesmas pessoas pra mim. Daí eu me dou conta de que na realidade são, sim, e me pergunto onde é que eu estou enganada, então? Então passa-se meia dúzia de minutos e eu me canso porque não há nenhum objetivo em chegar a qualquer conclusão. Sim, eu me canso rápido. Porque nada disso me leva a lugar algum.