Conversas cotidianas substituidas pelo tiquetaquear frenético de um relógio silente, aquele que marca o tempo psicológico, e que avança e regride ao longo dos dias, contrariando os nossos desejos mais profundos. O meu relógio parou pelo que pareceu uma década, mas eu devo estar enganada, porque só se passou uma folha do meu calendário. Olhares chegados permutados em ausência. Uma ausência tão real que chega a ser palpável.
Essa ausência que quase chega a ser palpável, por certa década que meu relógio pareceu marcar, substituiu o ar nos meus pulmões, substituiu meu apetite e algumas outras coisas que costumavam ser vitais. Mas tudo isso apenas por um período de desconhecimento e vazio mental. Me deparei com muitas formas do desconhecido, e cresci um pouco, também. Mas você consegue imaginar o quão assustador é você plantar uma tulipa, e regar, e regar, e um belo dia você olhar pra ela e não conseguir reconhecer a flor que você escolheu? Não saber dizer se é uma rosa, ou se é um girassol, ou se morreu, ou se secou? É como se algo muito estranho pairasse sobre ela, obliterando sua visão e te impedindo de chegar mais perto?
Eu nunca pensei que poderia ser tão perturbador olhar em volta e se dar conta de que o que era familiar se tornou obscuro e intocável. E eu tenho cada vez mais terror e medo e desconfiança de tentar alcançar tudo o que te diz respeito. É cada vez mais difícil pensar em você. Em quase todos os sentidos possíveis. É cada vez menos frequente, menos verossimil, menos justificável.
Quando você atravessa minha mente, quando eu me lembro de nós, quando, sem querer, eu me imagino falando com você hoje, tudo soa surreal, improvável, quase impossível. Parece-me que tem muitas peças faltando. Você-ontem, você-hoje, não são as mesmas pessoas pra mim. Daí eu me dou conta de que na realidade são, sim, e me pergunto onde é que eu estou enganada, então? Então passa-se meia dúzia de minutos e eu me canso porque não há nenhum objetivo em chegar a qualquer conclusão. Sim, eu me canso rápido. Porque nada disso me leva a lugar algum.
Quando você atravessa minha mente, quando eu me lembro de nós, quando, sem querer, eu me imagino falando com você hoje, tudo soa surreal, improvável, quase impossível. Parece-me que tem muitas peças faltando. Você-ontem, você-hoje, não são as mesmas pessoas pra mim. Daí eu me dou conta de que na realidade são, sim, e me pergunto onde é que eu estou enganada, então? Então passa-se meia dúzia de minutos e eu me canso porque não há nenhum objetivo em chegar a qualquer conclusão. Sim, eu me canso rápido. Porque nada disso me leva a lugar algum.
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