Menina, eu me acostumei ao teu olhar. É que tanto tempo vendo esse olhar leve e ansioso por rir de algo, isso é o mais perto que eu consigo chegar da paz. E esses seus olhos me despiram. Me despiram de mim mesmo e me fizeram querer te amar. E eu tentei te amar. Insistentemente. Mas eu nunca tive realmente a chance.
O tempo todo você teve medo de sair do controle, mas isso nunca foi um problema, porque você tem uma pedra onde seu coração deveria estar. Mas, mais do que isso, o tempo todo você teve medo de que eu te amasse. E eu quis te amar, menina, como eu quis. Mas você insistia em ser racional e repetia todos os motivos pelos quais não era pra ser. Eu queria que você, assim como eu, se entregasse por inteiro, mas você vivia repetindo que queria porque queria o controle de si. Eu quis ser seu, menina, mas você estava muito determinada a não possuir ninguém. Eu quis mudar por você, mas você estava ocupada demais desacreditando do que o amor é capaz. Eu quis me manter por perto, mas você vivia me afastando dizendo que as coisas estavam indo rápido demais - e lá tem hora certa quando tudo se trata de um chute no escuro?
Eu te chamo de menina, mas a verdade é que a sua alma é velha e cautelosa, como quem espera o pior a qualquer hora. Você mal passou dos vinte, mas parece que faz bem mais de oito décadas que você não sabe o que é fechar os olhos e se deixar levar. A sua racionalidade te atou os pés no chão, te deixou covarde. Você não sabe mais sentir o que não tem explicação. Você teme tudo o que te sai do controle e, por isso, menina, você teme a vida.
Eternamente condenada por sua pressa em acertar.
Eternamente condenada por sua pressa em acertar.
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