Eram quinze minutos a pé quando eu fazia o caminho da minha casa até a sua. Aqueles quinze minutos de distância eram longos demais, a cada vez que tudo o que eu queria era me transportar pra o teu lado. E vez após vez eram quinze minutos de espera ansiosa, de pés tropeçando na própria pressa. Minutos a menos com você. Contados. Havia um trecho isolado e escuro, e uma outra boa parte do trajeto de rua não asfaltada. E eu passava por eles, fosse noite ou chuva, sem me preocupar com um perigo qualquer ou com a água entrando nos meus sapatos, só pensando em quantos minutos mais faltavam pra eu alcançar seus braços. O meu guarda chuva e o meu all star já sabiam o caminho de cor. Eu ia pensando em como você iria me receber, se eu estava bonita pra você, se eu havia esquecido o perfume ou o filme que a gente combinou de ver. Ia pensando em como eu ia te sorrir, nas maneiras que eu queria te beijar, e se fosse noite eu ainda olhava pro céu, que gentilmente abraçava minhas expectativas e me prometia que tudo seria grandioso. E era. Quando você abria a porta, eu deixava a angústia do lado de fora, assim como a poeira no tapete. E quando você me beijava, eu sabia que caminharia trinta minutos ou vinte horas a pé, só pra te ver de novo. Quando a gente se encaixava, eu te olhava nos olhos tentando gravar seu rosto, seu cheiro, nosso prazer, pra lembrar a cada momento em que eu estivesse a insistentes quinze minutos de distância de você. Ou mais.
Faz tempo. Já faz muito mais que quinze minutos. Já faz um bilhão de vezes quinze minutos que eu não vejo você. Já faz tanto tempo que eu talvez nem saiba mais o caminho. Você provavelmente já nem mora lá. Você provavelmente tem outro alguém. Eu provavelmente nem saberia mais amar você. A gente não se conhece mais, pelo que eu pude perceber. Mas a minha espera sempre foi sincera, e a minha busca, fiel. E tudo o que eu ainda consigo me lembrar são aqueles quinze minutos, porque, de tudo, foram o que, até o fim, nunca deixou de ser real.
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