Eu nunca tive lá muita dúvida. Eu nunca quis as paixões, as
experiências, o descompromisso, a tão ansiada liberdade. Eu sempre quis
mesmo o amor. A rotina diária que conecta nos mais pequenos detalhes.
Rir junto diariamente. Deitar abraçado antes de dormir. Cozinhar e comer
juntos. Eu sempre quis alguém que quisesse algo assim. Que não tivesse
medo de assumir pros amigos que quer uma mulher só, compromisso, filhos e
um cachorro. Alguém que, tanto quanto eu, não veja graça em sair
beijando bocas estranhas em festas. Alguém que entenda que isso é uma
maneira bem besta de se buscar um amor. Alguém que não precisa
experimentar pra saber de antemão que essa vida é vazia. E que por isso
nem perde seu tempo com pessoas que se vestem pra impressionar e bebem
pra se entreter, com jogos de sedução e sexo casual, já que entende o
valor daquilo que é real. Daquilo que não some no dia seguinte quando a
ressaca aparece. Daquilo que é raro de ser conquistado.
Eu desejei todas as noites alguém que não tenha medo das coisas
crescerem, criarem raízes e proporção. Eu quis alguém que fizesse
planos. E apostasse um pouquinho.
Alguém que fosse contra essa corrente idiota de querer todas as bocas
numa noite só, de querer exibir conquistas, de querer transgredir as
regras por recompensas vazias e passageiras. Alguém que escolhesse uma
vida comigo sem ter medo de perder outras coisas...
Vez ou outra eu ouço alguém dizer que eu sou muito sensacional. Que eu
sou inteligente, legal, engraçada, sábia, consciente, que desenho, que
eu canto, que eu toco, que eu sou linda. Muita gente se apaixonou por
mim, por meus inúmeros talentos.
Então por que é que ninguém quer ficar até o fim e pagar pra ver? Por
que é que me amar cansa? Por que as pessoas querem partir de mim quando
eu tento entrar na vida delas?
Parece que me amar vem com data de validade.
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