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quinta-feira, janeiro 21, 2016

Data de Validade

Eu nunca tive lá muita dúvida. Eu nunca quis as paixões, as experiências, o descompromisso, a tão ansiada liberdade. Eu sempre quis mesmo o amor. A rotina diária que conecta nos mais pequenos detalhes. Rir junto diariamente. Deitar abraçado antes de dormir. Cozinhar e comer juntos. Eu sempre quis alguém que quisesse algo assim. Que não tivesse medo de assumir pros amigos que quer uma mulher só, compromisso, filhos e um cachorro. Alguém que, tanto quanto eu, não veja graça em sair beijando bocas estranhas em festas. Alguém que entenda que isso é uma maneira bem besta de se buscar um amor. Alguém que não precisa experimentar pra saber de antemão que essa vida é vazia. E que por isso nem perde seu tempo com pessoas que se vestem pra impressionar e bebem pra se entreter, com jogos de sedução e sexo casual, já que entende o valor daquilo que é real. Daquilo que não some no dia seguinte quando a ressaca aparece. Daquilo que é raro de ser conquistado.
Eu desejei todas as noites alguém que não tenha medo das coisas crescerem, criarem raízes e proporção. Eu quis alguém que fizesse planos. E apostasse um pouquinho.
Alguém que fosse contra essa corrente idiota de querer todas as bocas numa noite só, de querer exibir conquistas, de querer transgredir as regras por recompensas vazias e passageiras. Alguém que escolhesse uma vida comigo sem ter medo de perder outras coisas...
Vez ou outra eu ouço alguém dizer que eu sou muito sensacional. Que eu sou inteligente, legal, engraçada, sábia, consciente, que desenho, que eu canto, que eu toco, que eu sou linda. Muita gente se apaixonou por mim, por meus inúmeros talentos.
Então por que é que ninguém quer ficar até o fim e pagar pra ver? Por que é que me amar cansa? Por que as pessoas querem partir de mim quando eu tento entrar na vida delas?
Parece que me amar vem com data de validade.

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