Estou cercado, nem sei porque
De limites sem objetivos
O amanhã? Nem sei pra que
Se nem pelo hoje eu vivo
E toda essa suposta razão
Que cerceia do homem a bravura?
E toda essa falsa civilização
Que estranha minha loucura?
Desejei enfrentar moinhos de vento
Pensei ter a faca e o queijo na mão
Sonhei externar meu descontentamento
Ao ver o mundo esvair-se em vão
Viver, lutar e morrer por um ideal
Conquistar o mundo, mundo surreal
Mas o sonho morreu, o amanhã é uma quimera
O hoje é ilusão! Sonhar? Quem me dera
Morrer por amor, lutar numa guerra
E ter o Dom de Quixote eu quisera
... E toda essa suposta razão que cerceia do homem a bravura? E toda essa falsa civilização que estranha minha loucura?
quinta-feira, fevereiro 24, 2011
sábado, fevereiro 05, 2011
Silêncio
Me deixa ser teu silêncio,
pra te dar alento a cada dissabor
E, então, ser teu remédio,
Pra anestesiar sua dor
Me deixa ser teu rumo
No meio de toda essa indecisão
E ser os lábios que te fazem esquecer
Me deixa ser o olhar capaz de convencer
E ser o toque capaz de sensibilizar,
Fazer se render, te desestabilizar
Me deixa ser os braços aos quais
Você sempre irá recorrer
Me deixa ser o colo para o qual
Você irá se entregar
Sem jogos de amor, sem rodeios
Sem culpa, vergonha ou receios
Me deixa ser teu rumo
No meio de toda essa indecisão
E ser os lábios que te fazem esquecer
Me deixa ser o olhar capaz de convencer
E ser o toque capaz de sensibilizar,
Fazer se render, te desestabilizar
Me deixa ser os braços aos quais
Você sempre irá recorrer
Me deixa ser o colo para o qual
Você irá se entregar
Sem jogos de amor, sem rodeios
Sem culpa, vergonha ou receios
quarta-feira, fevereiro 02, 2011
Saudade
Tinjo minhas fotos em preto e branco
Para dar o tom de saudade
Que cerceia essa minha nova forma de existir
A isso me resumo: à falta de ter você aqui
Me cerco de fotos, me refugio nas lembranças
Mas minha memória me trai e as recordações são infiéis
Não fazem jus à sublimidade de cada momento
Tiro das fotografias as cores
Para lembrar que são recordação
E não mais esperar sentir junto
O cheiro que tinha a nossa alegria
Ou ouvir os risos que acompanhavam
Nossas conversas despretensiosas
Ou nossas modestas lágrimas
De um sofrimento que fazia crescer
Quem te viu, e quem te vê... Veja você
E agora aonde você vai?
Não esqueça para trás as lembranças de um amor
Que não volta nunca mais,
Junte as recordações, recolha-as com cuidado
E então vá-se em paz
Para dar o tom de saudade
Que cerceia essa minha nova forma de existir
A isso me resumo: à falta de ter você aqui
Me cerco de fotos, me refugio nas lembranças
Mas minha memória me trai e as recordações são infiéis
Não fazem jus à sublimidade de cada momento
Tiro das fotografias as cores
Para lembrar que são recordação
E não mais esperar sentir junto
O cheiro que tinha a nossa alegria
Ou ouvir os risos que acompanhavam
Nossas conversas despretensiosas
Ou nossas modestas lágrimas
De um sofrimento que fazia crescer
Quem te viu, e quem te vê... Veja você
E agora aonde você vai?
Não esqueça para trás as lembranças de um amor
Que não volta nunca mais,
Junte as recordações, recolha-as com cuidado
E então vá-se em paz
terça-feira, fevereiro 01, 2011
Lágrimas de amor
Tudo estava confuso ainda. Aconteceu muito rápido. Só agora eu percebi que estou no ônibus indo pra casa da minha irmã. Pela janela vejo minha cidade indo embora, e com ela lembranças. Lembranças de dias melhores onde eu passeava com a minha família no parquinho em frente minha casa. Éramos felizes até o Marcelo começar a beber. Desde então ele chegava em casa bêbado, me batia e me violentava. Às vezes na frente do meu filho. Não podia fazer nada, porque ele era mais forte e era o seu dinheiro que nos alimentava. Fiz faculdade de administração e trabalhava como auxiliar administrativa numa empresa de marketing. Depois da gravidez, Marcelo preferiu que eu ficasse em casa cuidando de nosso filho. E aqui estou, até hoje. Sempre fui uma boa esposa e nunca fiz nada para merecer isso.
Agora eu saí de casa, e estou levando meu filho comigo. Depois da bebedeira dele hoje, ele chegou em casa e quebrou a mesa. Começei a chorar de medo e fui para o quarto do meu filho protegê-lo. Ou para ele me proteger. Marcelo gritava e chingava muito. Ele ficava me puxando para me bater e eu dava socos nele, mas não adiantava. Eu estava agarrada ao meu filho, Kauã, que chorava também. Com apenas 7 anos ele presenciava a mãe apanhar do pai.
Não, eu pensei. Meu filho não mereçe essa vida. Ele não mereçe passar por esse sofrimento só porque sou uma mulher covarde. Aquelas lágrimas serão as últimas. Enquanto ele me puxava, peguei o taco de beisebol do Kauã e acertei a cabeça do meu marido. Como ele já estava tonto, ele caiu perto da porta. Levantei rapidamente e coloquei algumas roupas do meu filho numa mochila. Peguei minha bolsa e saí com meu filho dali.
“Muito obrigado por me acolher na sua casa, Sara” falei ao telefone, dentro do ônibus “não quero que meu filho veja mais isso.” Ele já estava calmo, deitado no meu colo. “Devo chegar aí por volta das sete horas.”
No ônibus havia uma turma de escola. Eles falavam e brincavam uns com os outros. Algumas pessoas estavam incomodadas com aquela agitação. E eu via a felicidade estampada na cara daqueles adolescentes. Aqueles sorrisos sinceros, e aquela vida sem preocupação. Queria aquilo de novo. Olhei para o meu filho e percebi que aquela seria a felicidade dele. “Tudo isso vai passar” falei em seus ouvidos enquanto dormia “acabou.” Vi o sol aparecendo no horizonte e o céu ficava cada vez mais alaranjado. Deixei as lágrimas para trás. O futuro de meu filho estava apenas começando.
Juran Ruan
Juran Ruan
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