Páginas

terça-feira, outubro 25, 2011

Madrugada

Quando o pouco quero e nada mais, e se falta muito, tanto faz. E eu me pergunto, até onde? Onde cabe o mundo, e tudo cabe a nós, onde meu corpo te exige sem pseudônimos; Mas eu me pergunto, desde quando? Desde o fim do mundo até quem somos nós, desde o mais obscuro desejo até a podridão do ser; quem doeu profundo, quem aprendeu amar, quem mentiu por vergonha, ou perdoou por conveniência; Enquanto a luz apaga e arrasta junto todas as horas em frente ao espelho, o que sobra é a assustadora escuridão que só faz exibir a verdade e o desespero de quem já não sabe esconder. E é esse meu suor usual que me entrega sempre, é esse respirar ofegante de quem perdeu a guerra, e você arranca de mim o que quer, e me lê em braile: você sabe quem eu sou de fato. Eu me pergunto, e se for? E se assim for, nada vai mudar, porque é assim que você me quer, e é assim que eu te pertenço: naquilo em que ninguém mais um dia vai me atingir. É sujo o nosso amor, é disforme, quase vil. É este laço que nos cinge, é um nó que nos faz nós; nó na garganta, sufocante. É sem querer, é ser apenas. Ser somente, ser a sós. É assim nosso amor, e eu me pergunto, até quando? Pra sempre e até, enquanto durar a madrugada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário