Um dia você veio me contar o seu pior pesadelo. Você que faz piada de tudo. Você que ri de qualquer coisa. Você que faz graça da própria desgraça. Você desabou ali na minha frente sem conseguir manter os olhos nos meus. Eu estava vivendo algo inusitado. Eu ouvi de você palavras como eu não ouvi de mais ninguém. E eu, que sempre pareço ter muito a dizer, fiquei muda. Eu não sabia que reação esboçar. Ou como olhar nos seus olhos. Eu não sabia se eu segurava a sua mão, se eu te abraçava, se eu chorava contigo ou se demonstrava toda a minha indignação. Mas quem sou eu pra falar de indignação diante de você? Te peço uma coisa: não menospreze o seu sofrimento. Há muita gente passando por muitos problemas talvez maiores por aí. Mas não menospreze a sua dor.
Cada vez em que você toca nesse assunto eu tenho vontade de te pedir desculpas trezentas mil vezes. Desculpas por o mundo ser sujo. Desculpas por as pessoas serem sórdidas. Desculpas por ninguém ter te protegido. Desculpas por não haver adivinhado. Desculpas por não poder sarar a sua dor.
É duro demais te ver desabando e não saber como te recompor. É ruim não poder limpar toda a memória e recompor cada pedacinho terso seu. É dolorido não poder fazer nada por você. Mas quem sou eu pra falar de dor?
Olha, tudo o que eu posso fazer é te amar. E isso, eu juro, eu tô tentando fazer da melhor forma que posso. Me desculpa, mas esse texto não saiu como eu planejei. Eu queria saber usar as palavras a meu favor, e te fazer entender o quanto eu sinto muito por só conseguir segurar a sua mão e olhar nos seus olhos e te abraçar e nada mais. Me desculpa por não ser o bastante.
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