Faz tanto tempo desde aquela vez. Desde aquela última vez em que você chegou naquela van - com aquele cheiro tão nostálgico que me faz querer rir e chorar ao mesmo tempo -, e sorriu timidamente, reclamando o seu espaço naquele banco que, por um quarto de hora ou menos, era só nosso. Esse sempre foi o máximo de intimidade, sempre a menor distância entre nós. Eu me lembro bem de como você sorria sempre. Eu me lembro das nossas conversas, sempre com um ar tímido e galhofeiro, pra esconder a profundidade do que a gente dizia. Os seus sinais me confundiram, sempre, mas eu posso ver agora como você me quis. Eu posso ver que quando você me disse que ficou louco quando ouviu dizer que eu tinha alguém, não era brincadeira - no máximo, um exagero. Eu percebo agora que era verdade quando você disse que não via muita graça por lá desde que eu me fui.
Então passou-se um ano ou dois, e eu te encontrei de novo. Você naquela camisa azul de botão, parecia mais homem do que nunca. Parecia mais certo do que nunca. Mais resoluto do que nunca. Você se assustou um pouco quando me viu - talvez porque eu também parecesse mais mulher do que nunca -, e eu me demorei em te observar, como se pedisse timidamente que viesse até mim. E você veio. Você pôs seus braços em volta da minha cintura como nunca ousou fazer antes, você me apertou contra o teu peito, e eu me dei conta de que nunca havia sentido o seu coração - por isso mesmo eu não tinha como saber se o seu ritmo acelerado tinha a ver com nós dois abraçados ou se era sempre assim. Você me abraçou com tanta certeza que eu me apaixonei de novo.
Faz tanto tempo desde aquela vez em que eu sonhei com você, e você me pediu um beijo e eu acordei com o peito doendo pois era tudo mentira. E agora é verdade, quem diria.
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