A leveza dentro das relações muitas vezes está erroneamente associada com a complacência diante das atitudes alheias sem qualquer posicionamento/questionamento. A falta de honestidade - não em um sentido pejorativo, mas sim num contexto da mentira social, do que é socialmente aceito e agradável - é um grande problema. A omissão excessiva como consequência da tentativa de nos preservar ou de não sermos mal-interpretados coloca-nos em situações em que não somos sinceros uns com os outros, tampouco com nós mesmos, em relação ao que sentimos/pensamos. E tudo o que nos permitimos dizer ou sentir é aquilo que é tragável ao ponto de vista da racionalidade.
A consequência disso? Aquelas pessoas que se preocupam em analisar-se o tempo todo, em cada atitude - mesmo que sem sucesso -, que buscam ser coerentes, passam por um padecimento mental que é ter que equilibrar-se entre cultivar a franqueza consigo e com o outro, enquanto se preserva dentro da esfera do socialmente aceitável - para não agredir o outro com uma honestidade com a qual a maioria das pessoas não sabe lidar.
Quando não há um real conhecimento mútuo, fazer-se claro é um desafio. E, até que esse conhecimento seja alcançado, a cada vez que decide-se dizer o que se pensa, faz-se necessária toda uma contextualização e explicação detalhada, com o máximo de clareza possível, porque qualquer interpretação mal-feita pode custar caro.
Além disso, o padrão comportamental alheio te faz ter que provar, a cada atitude ou palavra dita, que suas motivações não são as comuns e que são, de fato, embasadas, pra que você não seja interpretado de forma errônea. Quanto desgaste mental.
Volto ao cerne: na tentativa pretendida como sensata de se colocar em prática a não-cobrança, baseada na crença de que tudo o que te oferecem dentro das relações - sejam elas familiares, amorosas ou amistosas, principalmente - devem partir da vontade genuína do outro, nos calamos diante de diversas situações, nos colocamos em posição de fragilidade, ao estender o nosso leque de atitudes que consideramos aceitáveis. Neste momento, qualquer protesto que possa ser levantado soa como uma cobrança descabida, já que cada um oferece o que quer.
Na tentativa de ser leve com os outros, tem-se em troca uma maior densidade consigo mesmo, uma preocupação exacerbada em ser coerente - nada que não seja racionalmente embasado não deve ser dito -, uma infinidade de protestos engolidos em seco e, mais uma vez, em um lamentável efeito rebote, relações que não ultrapassam a superficialidade.
A consequência disso? Aquelas pessoas que se preocupam em analisar-se o tempo todo, em cada atitude - mesmo que sem sucesso -, que buscam ser coerentes, passam por um padecimento mental que é ter que equilibrar-se entre cultivar a franqueza consigo e com o outro, enquanto se preserva dentro da esfera do socialmente aceitável - para não agredir o outro com uma honestidade com a qual a maioria das pessoas não sabe lidar.
Quando não há um real conhecimento mútuo, fazer-se claro é um desafio. E, até que esse conhecimento seja alcançado, a cada vez que decide-se dizer o que se pensa, faz-se necessária toda uma contextualização e explicação detalhada, com o máximo de clareza possível, porque qualquer interpretação mal-feita pode custar caro.
Além disso, o padrão comportamental alheio te faz ter que provar, a cada atitude ou palavra dita, que suas motivações não são as comuns e que são, de fato, embasadas, pra que você não seja interpretado de forma errônea. Quanto desgaste mental.
Volto ao cerne: na tentativa pretendida como sensata de se colocar em prática a não-cobrança, baseada na crença de que tudo o que te oferecem dentro das relações - sejam elas familiares, amorosas ou amistosas, principalmente - devem partir da vontade genuína do outro, nos calamos diante de diversas situações, nos colocamos em posição de fragilidade, ao estender o nosso leque de atitudes que consideramos aceitáveis. Neste momento, qualquer protesto que possa ser levantado soa como uma cobrança descabida, já que cada um oferece o que quer.
Na tentativa de ser leve com os outros, tem-se em troca uma maior densidade consigo mesmo, uma preocupação exacerbada em ser coerente - nada que não seja racionalmente embasado não deve ser dito -, uma infinidade de protestos engolidos em seco e, mais uma vez, em um lamentável efeito rebote, relações que não ultrapassam a superficialidade.
Amei!
ResponderExcluir"(...) já que cada um oferece o que quer." E não é que cada um oferece o que tem?!
Beijos do amigo e admirador intelectual.
Bem... o que se TEM a oferecer é o máximo que se pode oferecer. Mas dentro do que se tem a oferecer, nem sempre as pessoas escolhem oferecer tudo. Ao escrever esse trecho eu também pensei nisso, rs.
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