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sexta-feira, setembro 27, 2013

Quases

Se eu pudesse resumir nós dois em uma palavra, seria essa. É que a nossa história foi uma curta e intensa sucessão de 'quases'. A começar pelo começo que foi por pouco. Foi bem entre aqueles dois minutos de eu e você, exatamente ao mesmo tempo, esperando o elevador, que a gente começou. Eu estava meio bêbada, como quase nunca fico, e você carente, como quase nunca está. Uma implosão de acasos resultou nos seus lábios sobre os meus de uma forma incerta e tímida. Você quase me ligou no dia seguinte, mas não me ligou porque ainda era cedo. Dias depois a gente se esbarrou em uma festa qualquer e você quis me beijar. Eu quase disse que não, mas cedi. Depois disso a gente passou a se ver com frequência. Eu quase disse que era melhor não, mas nunca disse. Você quase me avisou que nunca daria certo, mas não o fez. E então a gente mergulhou um no outro. Mas não por inteiro. Só quase. Como quem nada sem afundar a cabeça dentro d'água, sabe? Era quase ótimo. Era quase verdadeiro. Você quase gostou de mim e eu quase quis acreditar. Mas a gente nunca realmente chegou lá.
Todo o dia era quase o fim, mas nunca era. Então tudo foi crescendo até quase virar algo grande, e a gente se viu prestes a atravessar a linha. Eu quase mudei por você e você quase enfrentou o mundo por mim. Mas na hora H, a gente viu que não era assim tão adulto, só quase... então a gente calou a boca e o espírito e voltou pro nosso confortável quase, que não precisa 'sim' nem 'não', onde tudo é devagar e sem pressa. Onde tudo pode ficar pra depois, afinal, ninguém sabe mesmo o que vai ser, não é mesmo? E aí a gente esperou esperou, até que o quase foi diminuindo e se acabando, e até que ele se tornou tão fraco que você foi levando suas coisas embora do meu apartamento, e eu fui tirando suas fotos do meu celular, e até que a gente quase não se via, quase não se falava, e enfim, assim, quase mesmo sem doer, o nosso quase virou nada. Só um quase: nada digno de se lembrar.

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