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terça-feira, julho 12, 2011

Nosso

Nós dois conversávamos despretensiosamente na bancada cozinha, e eu te observava, entre um e outro gole de um café forte, com um olhar deslumbrado. Este deve-se ao simples fato de que não poderia imaginar, em momento algum do ano que se passou, que estaria hoje tomando o café da manhã acompanhada e que isso seria tão natural, como se todos os meus passos fossem dados só para me levar até você. Eu me lembro bem de como você era cuidadoso no início. Media bem as palavras sempre buscando a forma mais racional e mais franca de dizê-las. Agora as palavras te escapam. Saem de ti para mim, e é um fluxo natural. Sabe por que? Porque agora sou parte de ti. Estávamos jogando conversa fora, o que torna o contexto desnecessário e, entre um devaneio e outro, você disse mais ou menos: 'Nosso filho vai se chamar assim ...'. Disse assim, preto-no-branco, tão naturalmente que nem se deu conta do peso das tuas palavras sobre mim. Engoli rápido demais o café quente e tentei disfarçar meu desconforto, com medo de que você me interpretasse mal. As palavras te escapam, meu bem, e os teus planos vêm à tona. Dei-me conta de que você deixou de lado o cuidado com as palavras e, junto, todo o receio em se entregar. Te vi sair do controle, e gostei. Me apaixonei por mais um pedaço de você, um que eu ainda não conhecia. Aquele que faz planos pro futuro sem se munir de todas as precauções.

Vê como cada palavra que dizes tem efeito duradouro em mim?

Você sequer se deu conta de que tuas palavras tinham tanto significado implícito, mas eu te leio, meu bem. E há muito tempo estava esperando um sinal teu pra eu poder sonhar com esse momento em que teríamos uma coisa tão minha quanto tua.

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