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quarta-feira, agosto 31, 2011

Querer

Você é leve como um dia sem aula e sussurra suave como um filme em preto e branco. Seu beijo é doce feito chocolate, e seu toque, marcante, feito pimenta fresca, que traz uma explosão agressiva de sabor e que deixa rastros picantes por um longo tempo. Sua lembrança é dolorida no meu sonho, porque quando acordo é que a saudade de ti se concretiza.

Eu te quero. Quero como uma fornalha ardente.

domingo, agosto 28, 2011

Essa saudade que não acaba. És muito amor pra pouco tempo.

Preto no Branco

Onde és calmaria, sou aflição
Onde és inverno, sou verão
Onde és indulto, sou danação
Onde és terra firme, furacão

Onde és perdão, sou mágoa
Onde és folga, sou labuta árdua
Onde és gelidez, sou frágua
Sou tempestade onde és copo d'água

Onde sou sedução, tu és candura
Onde és liberdade, sou ditadura
Onde és temor, sou bravura
Onde és leveza, amargura

Onde és apatia, sou ardor
Onde és perita, sou amador
Onde és desdém, sou teu valor
Onde és negação, sou teu amor

sábado, agosto 27, 2011

Armadura

A raiva me cega.

Mas isso é normal, acontece com todo mundo. Mal me faz a raiva que me emudece, e isso é o pior. Exatamente quando meus argumentos têm mais força eu não consigo expressá-los, pois sei que junto virá um amontoado de palavras com pura intenção de causar feridas, e eu não quero fazer disso uma guerra_ e, se for, Deus, eu me encontro desarmada pela minha própria cólera_. Mas se eu digo com palavras pacíficas, sinto que estou me anulando. E se eu insisto em falar, sou traída pela minha própria sensibilidade: nos lábios, reclamos. Nos olhos, lágrimas.

Há momentos em que eu gostaria de que a minha mágoa durasse mais, só pra que eu conseguisse racionalizá-la a tempo e então desse conta de expressá-la e, simultaneamente, senti-la.

Mas, enquanto não consigo, faço do silêncio minha melhor armadura.

[...]

sexta-feira, agosto 26, 2011

Incognoscível

Você já se deu conta de que entrou sem minha permissão? Eu não estava preparada pra te receber em minha vida. Tudo estava meio fora do lugar. Você já sabia e não se importou. Ao invés disso entrou trocando as coisas de posição. Trocou até as fechaduras. E agora eu estou meio perdida nesse amor. Nem sei mais abrir todas as portas no meu coração.

Falar de amor pode ser fácil se você não sente. Mas ninguém consegue amar e explicar ao mesmo tempo. A M O R. Muito pouca letra pra tanta pretensão. E vivem dizendo que amor não tem definição. Mas, se não há definição, como é que vou saber se é amor tudo o que eu sinto? Vou tentar explicar e, se você não entender, me desculpe, essas são só palavras de alguém que perdeu o domínio sobre o próprio coração.

Você me desperta os sentimentos mais clichês possíveis, ao mesmo tempo em que me causa as sensações mais desconhecidas. Eu preciso confessar que você me subjuga, mas isso é tudo o que eu gostaria de negar. Eu mentiria se dissesse que eu preciso de você. Mas eu te quis. Quis tão difuso que meu corpo reage como se fosse uma necessidade. Borboletas no estômago.

Você sorri quando eu te beijo e eu durmo pensando que você me ama. Qualquer harmonia enternecedora, qualquer par de notas dissonantes me faz querer dançar com você. Não é exagero nenhum dizer que você está presente em quase todos os pensamentos que eu tenho. Eu olho para as estrelas durante a curta caminhada que faço diariamente retornando pra minha casa, e eu sempre desejo poder segurar sua mão enquanto eu faço isso. Em algum lugar bem longe, sem ter que responder por nada. Deve haver algum lugar por ai em que só haja espaço pra nós dois. Algum lugar em que o tempo passe mais devagar. Porque eu sei como a saudade de você parece doer no corpo.

Não mude sua forma de falar, seu jeito calmo, ou seu gosto musical. Não mude sua postura, ou a forma como você demora pra perceber que eu quero um elogio ou um beijo demorado. Me encha de expectativas e continue a me surpreender. Continue me assustando, fazendo planos, e não acreditando em tudo o que eu digo. E eu vou continuar te amando. Porque nada disso é condição pra eu sentir o que eu sinto por você. Você tem minha paixão declarada.

E se, em algum momento, eu te interromper, pedir pra te olhar nos olhos, e depois disser que te amo, saiba que esse texto é só um trecho do que meu coração luta para expressar.

Roleta

Se você gosta de correr riscos, comece agora fazendo suas apostas.
Você pode ter o benefício da dúvida, mas eu sempre terei a incerteza como um malefício.
Portanto, quando encontrar o final do seu caminho,
Não se supreenda se eu não estiver te esperando na chegada.
Nós não fomos feitos um para o outro. E sequer fomos capazes de nos merecer.

Pseudônimo

Escondi teu nome pra te proteger, culpado ou inocente. Eu te isentei de qualquer julgamento. Mas isso me custou te dizer adeus. E eu não quis mais saber de ti. Sim, eu me escondi da tua verdade. É um risco que estou correndo. Eu estou caminhando na corda bamba e eu sei bem o chão que me espera se eu pisar em falso. Mas não importa se eu sei que vou cair. Isso não suavizará o estrago quando eu alcançar o chão.

Posso saber em que chão estou pisando, mas isso não me torna nem um pouco mais forte.

As dúvidas não foram esclarecidas e os pecados não foram perdoados. E nem todas as perguntas tinham mesmo respostas. Mas ainda antes que você tivesse tempo para pensar em alguma justificativa, eu te pedi pra partir. Não pedi tuas desculpas. Não te dei nenhuma chance de contra-argumentar. Eu nunca soube se você foi culpado ou vítima, mas as circunstâncias exigiram-me uma maturidade que eu não possuía.

Abdiquei da razão, ao mesmo tempo em que abri mão da felicidade. E nada me restou. Nada além de umas canções nostálgicas e do cheiro da chuva que sobe no ar, e que sempre me levará até você. E eu vou me lembrar com um pouco de mágoa, um pouco de dúvida, mas sempre com algum carinho.

E se você me pergunta, eu respondo: Sim, nosso amor vai ficar pra mais tarde.

quarta-feira, agosto 24, 2011

Fora dos Planos

Estou aqui há um tempo, parada, pensando em escrever sobre ti. Mas tudo o que me preenche agora é a falta de você. Larga tudo e vem me dar um beijo. Eu te quero como nunca quis a ninguém. É isso que eu chamo de lugar comum, mas estou disposta a me render se for por você. A tua presença se materializa em cada vislumbre meu de futuro. Enquanto tudo a minha volta se desfaz, você parece ser a única coisa que me é concreta.

Caminhe. Dê teus passos. Mas, se possível, não me deixe para trás. E que não seja uma necessidade. Mas uma escolha.

terça-feira, agosto 23, 2011

See ya Later

I came here to say goodbye. This is for you, who perhaps will miss me. But don't worry about it. Someday I'll come back. And this day won't take so long. But, only 'cause I believe you'll miss me around here, I'm leaving for you a love message. And during this time, I won't be here. Instead, I'll waste my time right there at your side, cause this is more important to me now. I'll spent every single possible moment right by your side, to make grow up our friendship, and to make your face clear in my mind, so I can remember your face, your smile and your single way of making jokes. And that's gonna make me happy for a long time _ but it'll never gonna be enough.

sábado, agosto 20, 2011

Pessoas São Como Roupas

"Não foi fácil ficar sem você. Alguns enjoos e um pouco de vômito me acompanharam no início, mas depois só sobrou a mágoa. E em seguida inveja.
Mágoa por ter desistido tão rápido de mim.
E inveja por ter conseguido."


Por @ma_b. Trecho extraído do texto "Pessoas são como roupas" do blog O Diabo Veste Renner.

Carcaça

O que eu digo nem precisa fazer sentido se você não quer ouvir. De qualquer forma você vai distorcer as minhas palavras. Eu faço tudo o que posso para não ser hipócrita. Mas acho que a hipocrisia nunca esteve tão em alta. É a peça da estação. E vem sendo assim já há muitas estações.
A hipocrisia é bonita, não? Afinal, as pessoas estão mais preocupadas com o que aparentam ser para ocultarem dos demais a podridão interna. Não permitem que ninguém veja suas sujeiras pra não se sentirem fragilizados e poderem apontar a fraqueza dos outros.

E vem sendo assim há um tempo. Eu te digo meus defeitos e meus sentimentos feios, me exponho e te aponto diretamente meu calcanhar de Aquiles. E tudo o que você faz é pressionar justo naquele ponto só pra me assistir desmoronar e pra me dizer o quanto eu sou frágil e má por ser assim. É, posso até ser um lixo, mas eu não escondo isso de ninguém. E você nunca poderá dizer que eu te iludi e te enganei pra te manter preso a mim. Você conhece a minha carcaça e o meu interior. Mas e você, o que é?

I don't give a damn

Quando você se importa com o que as outras pessoas dizem/pensam/fazem em relação a você, você está apostando alto, pois está colocando uma boa parte de sua felicidade nas mãos delas. Logo, está adicionando à sua satisfação pessoal uma infinidade de variáveis que estão totalmente fora do teu controle.
A partir do momento em que você se importa, só se sente satisfeito quando as pessoas pensam de você o que você espera. E as chances são pequenas. Até porque, mesmo que você mereça, o julgamento das pessoas no geral é bastante dubitável.

quarta-feira, agosto 17, 2011

Io ho Sete di Te

Tu sabias exatamente como matar minha sede.
E por isso mesmo eu tinha cada vez mais sede de ti.

quinta-feira, agosto 11, 2011

Contracenar

Você é fácil de manipular. Depois daquela briga eu jurei nunca mais tocar no assunto, daí quando você voltou pra me ver, só pra ter certeza de que estava tudo certo entre nós, eu forcei um silêncio e alguns sorrisos sem-graça, só pra te fazer perceber que eu estava engolindo um aglomerado de contestações. Eu fui injusta, fingi que iria esquecer só pra você pensar que eu merecia que você reconsiderasse. É fácil manipular as pessoas, e a gente faz isso até mesmo sem perceber. Só que eu faço tudo isso conscientemente, e isso me faz querer vomitar.

Mas eu não quero que você seja assim, fácil de dominar. Você não!

E toda a pose que você faz de dominador nessa relação é puro teatro, porque no fim você sempre faz o que eu quero. E se você aceita o que eu te digo, como se eu fosse alguém pra te dizer o que fazer, eu perco a vontade de você: você não vale a pena.
 E eu não valho nada por pensar assim.

E se algum dia eu te pedir pra partir, você irá embora só porque eu quis assim? Acho que você iria. E então, mesmo sem querer que você se fosse, eu o deixaria ir, só por saber que você não me ama o bastante pra ficar por perto. Talvez um dia eu faça assim, só pra ver se você passa no teste ou não. Isso mesmo, um teste.

A vida é um teatro. E no meu mundinho, eu escolho quem vai contracenar comigo.

Sempre

O tempo passa e a gente não para de repetir essa palavra. Pra sempre é muito tempo. Aliás, se for pensar bem, Pra Sempre é ausência de tempo. As pessoas nos dizem que isso não existe, mas no início a gente resiste em acreditar. Depois a gente vê com os próprios olhos o eterno se desmanchar. E ainda assim a gente continua a repetir que as coisas que queremos que durem serão pra sempre, como se isso estivesse mesmo ao nosso alcance. E, mesmo quando a gente aprende, a gente continua dizendo, fingindo que tem esperança. É, a gente finge bem. E acho que a maioria de nós vai continuar repetindo isso pra sempre.
Será?

Controle

Já fazia um bom tempo que niguém me fazia emergir de meu tédio usual, e quando eu saí de casa não esperava que algo fosse mudar. Há muito que perdi a esperança nas pessoas, então, sair com meus amigos era só uma desculpa socialmente aceitável pra eu poder beber e conseguir me distrair do meu cotidiano pacato e plácido. Mas a verdade é que eu gosto assim. É vazio, mas é seguro. Eu já sofri uma vez e não quero de novo. Então eu me vesti de minha melhor roupa e, junto, de uma personagem que gosta de impressionar. Saí de salto alto como quaisquer dessas garotas, só pra me ajustar e parecer normal. Eu até que fingia bem, mas no fundo tudo a minha volta parecia pequeno e irrelevante.

Entrei no bar. Comi. Bebi. Sorri. Dancei. Fiz tudo o que manda o figurino. E no final da noite eu me deparei com os seus olhos alheios e atentos a um violão coberto de adesivos, dando ar de quem tem muita história pra contar. 'Sério? Poderia eu ter sido mais clichê?', perguntei-me várias vezes seguidas, 'O carinha da banda?'. Bebi mais pra tentar perder a capacidade de prestar atenção em qualquer coisa, mas isso só me deixou mais vulnerável.

Não me pergunte como tudo aconteceu, mas a gente se beijou e você me levou pra sua casa. Eu me lembro vagamente de alguns pôsteres de bandas de rock de todo o tipo nas paredes. Caramba, você fazia exatamente o tipinho 'músico'. E o seu beijo me fazia tremer. E eu nem sabia que isso poderia acontecer de verdade.

Isso era meu corpo me avisando que eu estava perdendo o controle.

Nos vimos três fins de semana seguidos naquele mesmo bar, e depois na sua casa, e eles bastaram pra eu perceber que você era melhor do que eu esperava _um pouco imprevisível, surpreendente, até. Arriscado demais_, e no quarto fim de semana, no bar, você dedicou a primeira música a mim, dizendo que era 'pra alguém especial com quem você gostaria de dividir muitos fins de semana mais'. Tive certeza naquele momento: eu estava me apaixonando. Mas quem sou eu pra falar de amor? É melhor assim: eu estava me rendendo. Fomos pra sua casa, você me surpreendeu como sempre e deleitou-me, e as últimas palavras que disse antes de dormir foi: 'fica aqui amanhã pra passar o dia?'. Eu sorri e disse: 'Claro, querido'.

Esperei pacientemente você pegar no sono e depois esperei você dormir mais profundo. Juntei minhas coisas, me vesti, peguei teu celular, apaguei da tua agenda o meu número e, junto, todas as mensagens ou ligações que pudessem contê-lo. Fiz um lembrete mental de nunca mais retornar àquele bar. Depois gravei teu rosto na minha memória, pra poder lembrar enquanto fosse capaz, pra ter um ou outro motivo pra sorrir sozinha. E depois parti, sabendo que você não me acharia mais, e que você nunca mais iria me desestabilizar ou me subjugar com um simples toque. Aquilo pra mim era submeter-me demais.

E isso era eu recuperando o controle.

quarta-feira, agosto 10, 2011

Queria (Carta pra ninguém ler)

É raro eu usar esse espaço para falar de mim, e talvez os sentimentos que me arrebatem nessa etapa de minha vida possam soar repetitivos demais para tanta ânsia de escrever. Mas esse texto _provavelmente como os demais, de qualquer forma_ não contará com forma e, pra maioria das pessoas, sequer com conteúdo. É só um lembrete pra mim mesma de como eu cheguei perto da felicidade.

Eu amo fotografias, e nem preciso dizer que é pela capacidade que elas têm de gravar momentos bons. E foi olhando um amontoado delas que me lembrei de tudo o que eu vivi e, Deus, como eu queria poder reviver aquilo. A essa altura até mesmo o sofrimento, a pena, as noites sem dormir e as lágrimas me soam totalmente valiosas. Eu sei a importância e a dimensão que dei a tudo o que vivi. Mas parece que eu perdi o jeito. Hoje em dia, sob meu olhar, (quase) tudo parece pequeno demais. Talvez eu quisesse mesmo era pegar no tranco de novo e conseguir sonhar, pensar que todo mundo é bom e achar que todos os momentos comicamente idiotas são importantes. Mas por um momento eu queria me sentar com os meus amigos num horário de almoço em volta da mesa do professor e conversar sobre todos os assuntos possíveis, desde as coisas mais substanciais até polêmicas absurdamente triviais. Queria de novo me sentar em volta daquela mesa e ver alguém colocando seu sentimento ou segredo em mesa redonda pra que todos nós soubéssemos e ajudássemos. Era bonito a forma como a gente confiava. E era sincero. Queria ver também a forma como a gente perdia a vergonha quanto estava junto. Como falávamos sem tabus ou hipocrisia. E todo e qualquer assunto se tornava leve. Queria por um momento ser infantil de novo sem me envergonhar e correr pelo corredor da escola com o Cacá, o Titim, o Matheus e o Welton gritando 'Pisa no veeerde, Bia'. Queria dar aquele abraço múltiplo nas meninas e fazer voz de criança dizendo o quanto elas eram lindas. Queria me sentar ao lado do Jojô e junto com a Bia ficar provocando-o até que ele largasse de ser tão polido. Queria ver de novo o Kuem parar a mim ou a alguma outra garota no meio do corredor pra dar suas cantadas ridiculamente engraçadas, ou ver o Luís me parar pra ler um poema pra mim. Queria de novo assistir à aula de alemão com o Ramón de um lado e o Deyvisson do outro fazendo palhaçada. Queria, até mesmo, ter a chance de, de novo, brigar com o Primo com os olhos cheios de lágrimas dizendo que ele não deveria ter feito aquilo por que, por uma tolice, ele estava indo embora agora. Queria ver de novo o Marquinhos e o Rérisson fazendo o protesto da bunda amassada no meio do refeitório, ou o Lucas e o Chuchu me explicando como equilibrar o universo. Queria ver de novo a Nanda trazendo nas costas o violão e eu sabia que o dia ia ser ótimo. Queria tanto brincar de mímica no meio do pátio, ou de Improviso com a Thamiris e o Willy. Queria tanto viver de novo cada Quinta Cultural, fosse ela na quinta, na terça ou na sexta. Cantar aquelas músicas de novo. Queria tanto entrar naquela topic mais uma vez e ouvir as músicas que, sem querer eu já sabia de cor, e todo mundo junto dançar, cantar, gritar, contar piada, fazer bagunça, brincar de troca _menos com o João porque ele era terrível e deixava a gente constrangidos, hahaha_, fazer festa da topic e pensar que nós éramos a melhor turma-de-topic, like, ever! Queria tanto ter compartilhado aquelas dores de novo e sentir que ajudei. Ou quem sabe até mesmo ver o Batata apostando uma Coca que nunca mais falaria comigo. Queria estar na cozinha e olhar pra fora e vê-lo me chamando só pra me abraçar e me pedir desculpas. Queria tanto dançar tango de novo com ele. Queria os churrascos da topic, ou as resenhas pra ver os jogos da Copa. Quem diria, queria até mesmo recuperar e poder dançar com um velho amigo. Ah!, queria que esse velho amigo não tivesse destruído uma de minhas maiores amizades. Essa é a única parte que eu queria que fosse mentira. Queria as viagens de novo. META, Semana C&T, e as melhores, SBQs: Viçosa, BH, Juiz-de-Fora, e por aí vai. A sensação de liberdade e o dia inteiro com vocês. Queria as festas, as confusões, e até mesmo poder brigar de novo com quem bebesse além da conta. Queria de novo ouvir as conversas do Lucas e do Marcel, e só ouvir, pois não aguentava opinar de tanto que ria. Queria jogar UNO de novo com o Paulista só porque ele me cutucava quando ia jogar o 3-bate-a-mão. Queria almoçar Cachorro-Quente com o Maurinho e baconzitos com a Bia. Queria ir na padoca à noite pra comprar picolé de banana. Queria sentir de novo o cheirinho do CEFET à noite. Queria passar de novo horas no laboratório pesando reagentes enquanto o Otávio ria de mim. Queria ver de novo o Gui e o Renan cantando 'Pensa em Mim' e sentar na beira da casa da Bia e ser obrigada a ouvir pagode romântico. Queria incomodar o Fernando enquanto ele dava aula pro segundo ano, e ter longas conversas com ele e chamá-lo de pai enquanto via ele brigar comigo por qualquer pessoa do sexo oposto que chegasse perto de mim. Queria de novo espremer a Patty até que ela me contasse um de seus segredos. Queria bater papo com o Fábio e ouvir sua opinião sobre tudo, além de ter de novo aulas particulares de astronomia ou de relatividade. Ou até mesmo fazer rodinha no meio do refeitório com as meninas e o Sioufi pra falar mal de... bem, não posso dizer. Queria dormir do colo da Fafá. Queria cantar no coral da escola só pra ir nos ensaios e ficar rindo do pessoal e depois chegar em casa à noite e ficar, junto com a Bia, imitando todo mundo da escola e rindo. Queria sair no intervalo, no horário de almoço e até mesmo matar aula pra ficar do lado de fora da escola jogando truco. E depois, poker. Queria entrar naquela sala e me sentir em casa, sentir que gostava de todo mundo e que éramos (quase) um só. Ver que conquistamos afinidade e unidade. Queria dormir no meio da aula e acordar aturdida tendo certeza que, por aquela aula, eu iria me ferrar na prova. Queria tanto escrever cartinhas criativas e comprar chocolate pro amigo-Anjo. Queria fugir em plena terça, ou quinta à tarde pra casa do Filipe pra ver filme e comer porcaria. Queria ter feito mais piqueniques. Queria sair de novo pra Praça, feliz e debaixo do Sol quente pra tomar sorvete. Queria ver todo mundo dar a louca e fugir pra casa da Babu sem saber como, quando e com que dinheiro iríamos voltar pra casa. Queria tantas coisas de volta. Meu mundinho ali fechado, tão bom assim. Por último, mas não menos importante, queria ver os olhos verdes e confortantes da Babu e saber que ela tinha algum conselho certo pra me dar. Queria ver o sorriso de inconsequente da Bia quando eu propunha alguma coisa bem idiota pra gente fazer e a gente morria de rir juntas. Queria sentar ao lado do Juran e fazer palhaçada, só nós dois, enquanto todo mundo ficava incomodado com a nossa falta de preocupação e nossa falta de pressa em relação ao mundo. Queria ouvir o silêncio da Patty, como quem não está nem aí, e depois olhar pro rosto dela e ver que ela estava atenta a todos nós, com um sorriso bem disposto no rostinho e na ponta da língua um 'vamo jogar truco?'. Queria ver o João, diariamente, passar por um processo de quebra-gelo e rir da cara dele quando a gente provocava ele e quando a gente falava coisas que ele ficava assustado. Queria abraçar a Aninha de novo e sentir que ela me amava. Queria passar horas a fio junto com a Nandinha e disputar o violão com ela, dormir na casa dela e conversar até cansar. Queria brigar e abraçar a Fafá e ver de novo o tempo que levou pra ela entender que eu a amava. Queria cantar pro Tim as músicas que ele não gostava e ficar dançando pra ele junto com a Bia. Queria rir de novo da Grazi porque ela me fazia rir muito, e disputar a atenção dela com seus amores. Queria tudo assim, embaralhado e fora de ordem, como queira. Queria de novo tanto amor, no meio do corredor da escola, na escadinha, no refeitório, na varandinha, no chiqueirinho ou na porta da Tia Rose, queria tudo de novo, só porque dessa vez eu ia conseguir gravar tudinho na minha cabecinha e iria lembrar pra sempre, só pra não ter que chorar de novo de saudade.


"... Amigos de verdade olham fotos velhas e os olhos brilham de saudade enquanto o coração dói. E, por vezes, você nem sabe disso . "

Delírio

Ah,
Se a neve abrasasse em meio ao inverno
Se a chuva caísse contra a gravidade
Se a brisa sobre o rosto fosse violenta
E o Sol, sobre a pele, arrefecedor

Ah, se eu tivesse você
Se a tristeza fosse motivo de festejar
E a morte, severa, causa pra sorrir
Se a guerra nos desse gozo e justiça
E a natureza, fustigada, vida e evolução

Ah, se eu tivesse você
Se o mundo virasse de pernas pro ar
Quem sabe assim esse teu coração
Trepidado e invadido por tanto desatino
Decidisse, então, abrigar o meu

Ah, se eu tivesse você

I Better Run

I looked around and for a moment I realized that I don't trust you anymore. Maybe I never did. And maybe I never will. And, since this thought came through my head, I've been loosing every single clue of peace, and during the whole day this feeling crosses my heart and I can't even account. So I should go now so I can have a life again. I want my dignity, I need any drop of pride so I can love again. There's no reasons enough for me to stay and that's enough for me to go. So I'm leaving. I'm sorry if I'm not sayin' goodbye to you, but this letter is cause I better run now, before I lose my courage. Moreover, you don't deserve it at all. You're not that worthy.

sábado, agosto 06, 2011

Sobre Liberdade

Você diz que ama, e que ama tanto que protege. Você não sabe o que é amar. Você construiu uma redoma e ali despejou o objeto de seu amor, convencendo-o de que o nome disso era cuidado. Mas a verdade é que quem ama dá asas, pois o que te pertence não parte enquanto teu. E no frigir dos ovos, não há nada aqui que te pertença. E tudo o que você faz é encarcerar alguém à sua volta por pura insegurança. Tem medo de soltar as amarras e ver esse alguém fugir desesperadamente de ti. Desate o nó. Veja como as pessoas se comportam. As que partirem simplesmente não te querem o bastante. Mas não prenda, deixe que as pessoas se acheguem a você. Não espere que as pessoas se sintam presas a você e que se sintam bem ao seu lado, simultaneamente. É um ou outro. Não busque quem te ame por não dispor de outras opções. Espere por alguém que se entregue a você e que se deixe possuir. Isso, claro, se você se vê merecedor de tal esforço.

Overfeeling

É essa sensação que tenho de dar dimensão extra a minhas sensações, querendo que tudo seja grandioso e que possa servir para outrem. Porque todo bom drama deve ser trágico, todo bom romântico deve morrer de amor, porque todo grande amor só é bem grande se for triste, porque todo bom poeta vive de sentir. E se não sinto, que mais faço? E da pacatez do meu dia-a-dia ressalto as poucas lágrimas que choro e os raros sorrisos carregados de significado. Faço de tudo um bom teatro, mesclo com uma pitada de ironia de mim mesma e isso basta pra minha caneta obediente sobre o papel.

E cá estou eu mais uma vez alimentando essa dor, sentindo-a exageradamente, "overfeeling it", porque de todos os sentimentos o que mais temo é o torpor, a ausência de sentir. Manipulei tudo à minha volta para que pudesse estar, agora, sozinha e completamente sem apoio. Não há uma voz sequer para me confortar num raio de uns três quilômetros. Não há ninguém para quem eu possa ligar a essa hora da madrugada. E é assim que eu gosto de sentir a minha mágoa. Sozinha, sem dividi-la com ninguém. E eu vou destrinchando-a até que se torne insuportável, até que ela entorne em forma de palavras, até que eu aprenda algo com ela, até que eu seja obrigada a virar numa das curvas desse caminho em busca de um retorno mais suave, sem sequer me dar o direito de pedir ajuda. Sofro sozinha esperando que isso me faça crescer. E se eu crescer um dia, do que isto me serviria? De poesia, quem sabe.

Um bom poeta gosta de sofrer, e talvez sinta que é melhor sofrer do que não sentir nada. O sofrimento não é qualquer: é grandioso, é épico. E essa sensação de overfeeling, que me motiva a escrever, faz-me valorizar a minha dor, porque esta me serve de inspiração.

sexta-feira, agosto 05, 2011

Amor por Transferência

Olhei bem e ele tinha o teu sorriso, e essa tua forma torta de fazer piada de tudo, essa inconsequência tão tua no jeito de sorrir. Olhava para ele e só via você. Ele era um estranho para mim, e você, nada mais que meu melhor amigo. Você estava longe, e ele tão perto de mim. Me sentia uma idiota, mas toda vez que olhava pra ele esperava encontrar você. Não consegui fugir por muito tempo e acabei dando jeito de conversar com ele, só pra ver se achava aquela parte que tanto amava em você. Quem sabe ele tivesse as mesmas coisas bonitas pra dizer? Quem sabe ele tivesse as mesma idiotices pra me fazer sorrir? Quem sabe ele quisesse dançar tango comigo no meio da rua? Busquei você. Achei foi muitas lágrimas de tanto lembrar de ti por tantos dias seguidos. Durou tão pouco e eu vi que ele não tinha a tua essência. Só a casca era parecida. Mais uma vez me assegurei de que nunca encontraria alguém como você.

Pronome Possessivo

À noite chamei pelo seu nome, como fazia sempre, enquanto sonhava contigo. Você me acordou, perguntou se estava tudo bem, me abraçou e conversou comigo. De todos os sentimentos que esperava sentir naquele momento, fui invadida pelo mais improvável: saudade. E intensa. Uma saudade forte de você, e de nós dois. Não sei se foi culpa da madrugada ou se era o barulho da tua voz que me impedia de enxergar o que estava havendo, mas desisti de raciocinar e peguei no sono. Na manhã seguinte eu acordei e me esqueci do que havia acontecido. Mais dois dias se passaram sem que nos falássemos direito e estava tudo bem. E então você me chamou pra almoçar e eu saí do escritório com o mesmo humor de quando ia almoçar sozinha. Mas foi só me sentar ao seu lado e olhar fixamente para seu rosto esperançoso que me dei conta: sentia saudade de você. Não quando estava longe, mas quando estava perto. Quando estava longe eu nem me lembrava, e isso era preocupante. E quando estava perto, a saudade no meu peito não era a causa de uma necessidade devoradora e insaciável, que não era atenuada com sua simples presença, como já havia sentido um dia. Era saudade do passado ao qual você me remetia. De quando éramos bons juntos, e de quando você me causava mais arrebatamento do que tédio. Meu olhar estava desfocado e você me chamou a atenção para o presente e me olhou bem no fundo dos olhos. Por essa eu não esperava: você ainda conseguia ler meus pensamentos. Enrusbeci, e me senti como uma criança pega comendo a sobremesa antes do almoço. Olhei em volta, comentei sobre como o bistrô era original e interessante, mas não era uma tentativa de disfarçar _afinal, você já havia lido nos meus olhos_, e sim uma tentativa de adiar a verdade inevitável: era o fim. E pior ainda: já havia passado da hora. De agora em diante não havia opção de saída em grande estilo. Não haveria lágrimas desesperadas, nem ligações no meio da noite, nem flores no escritório com pedidos de desculpas. Sem drama algum. Só uma separação fria enquanto meu coração procurasse por algo novo por que valesse a pena bater.

Lembrei-me então do meu sonho da outra noite. Nele, havia perdido você. Chamava pelo seu nome, mas antes dele não havia mais pronome possessivo.

Estranhos

Regressar depois de algum tempo fez-me sentir de novo uma _quase_ completa estranha. Deparei-me com dezenas de rostos e fiquei surpresa ao dar-me conta de que uma dúzia deles me passou pela cabeça enquanto estava distante, e que de três ou quatro senti saudades sinceras. Não me julgue fria por isso, pois sei que a maioria dos rostos aos quais fui indiferente reservam, internamente, para mim a mesma displicência. E mais uma vez eu me pergunto porque as pessoas demonstram tanto interesse e buscam um afeto tão efêmero de quase-desconhecidos. Isso porque já me flagrei repensando meu dia e percebendo como a maior parte das lembranças, das palavras ditas já eram borrões vagos. Eu não me lembrava do cheiro dos abraços ou das razões dos sorrisos. Não da maioria deles. Só alguns detalhes a minha mente rotulava como importantes e arquivava na minha memória a longo prazo, para que algum dia pudessem me causar uma sensação boa de nostalgia. E eu me sinto envergonhada por sorrir tanto, por ser tão educada, quando na maioria das vezes eu pouco me importo. Como a maioria das pessoas, eu finjo me importar _ só que conscientemente.

Tenho aprendido a me sentir mais à vontade com a solidão e tenho tido o silêncio como boa companhia. Quando ouço as vozes que falam à minha volta, na maioria das vezes desejo não ouvir. Às vezes queria ter um botão de mute. E cada vez mais guardo meu ponto de vista para não desagradar. Porque quanto mais prezo a franqueza, menos disposta me torno a substituí-la por eufemismos.

A verdade diante disso tudo é que por alguns momentos senti falta do início em que todos _salvo algumas poucas pessoas que realmente conheci e que gostaria de ter conhecido muito antes_ me eram estranhos, mas pelo menos eu não tinha que sorrir para eles e estabelecer diálogos estritamente fáticos. Era mais fácil quando éramos estranhos e eu podia agir como tal. Era mais fácil quando eu não precisava sorrir sem querer.