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segunda-feira, julho 10, 2017

Extravagância

No meio do caos que me circundava, você me aconteceu da maneira mais improvável, quase inoportuna, e igualmente irresistível que poderia ser.
Não foi de uma só vez. Não foi logo naquele primeiro beijo em meio à música alta e a tanta turbulência que eu te senti. Talvez tenha começado quando, na sua casa, bebendo com seus amigos, eu soube pela primeira vez como era ter a sua respiração no meu pescoço: naquele momento eu decidi que eu queria você em mim. Talvez tenha sido naquele dia em que a sua respiração não se conteve à minha nuca, mergulhando nas minhas coxas e invadindo meu corpo: muito rápido a adrenalina dilatou minhas veias, deixando em cada célula minha uma parte de você.
Você é uma extravagância do meu corpo. Um capricho do meu coração.
Talvez tenha sido no dia em que eu acordei cedo, apressada, tropeçando em direção ao despertador antes que ele te acordasse. Levantei bem cedo por afazeres que me esperavam de forma categórica. Mas naquele momento eu parei um pouco, só pra poder te ver dormindo. Você, por sua vez, abriu os olhos só mais ou menos, como geralmente faz, estendeu seus braços e me trouxe de volta, me afogando entre lençóis e beijos.
Foi naquela manhã em que eu te olhei enquanto dormia: naquela manhã eu quebrei a minha promessa de não me entregar.
Não vê que uma noite não basta pra matar essa vontade que eu tenho de ti? Não vê que lá fora está frio? É complicado demais do lado de lá. Contigo aqui é tão simples. Então eu sugiro que a gente feche as cortinas, deixe esse mundo apressado tropeçar no próprio caos e desabar. Enquanto isso eu vou desligar o celular e perdê-lo de vista num canto qualquer, porque aqui há tudo o que eu preciso por hoje. Não há necessidade de ir lá fora, garoto.
E aqui é onde eu desejo existir.