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terça-feira, dezembro 06, 2016

Silêncio

Outubro, 2016

Me desculpa se às vezes eu me calo, desvio o olhar do seu e não te conto o que se passa na minha cabeça. Mas é que eu não consigo mais ter de novo e de novo aquela velha conversa onde eu te pergunto 'o que é que você quer de nós?', onde você me lança um olhar meio perdido e meio indisposto. Indisposto - como quem já está cansado do mesmo papo - e perdido - como quem não sabe de onde vem e nem pra onde vai.
A sua calma em se decidir sempre te leva a um ponto em que o destino escolhe pra você. Você não consegue decidir se vai ou não àquela festa, até que os ingressos se esgotam e você está aí, parado no mesmo lugar.
E você vai acabar ficando nesse mesmo lugar onde você foi à escola e ao colégio e à faculdade, porque você não consegue tomar as rédeas da sua vida e assumir as consequências das suas decisões.
Acontece que eu não vou ficar pra ver. Depois de tantos dias e meses e anos nós deveríamos estar andando pra frente, e não pra trás. Mas eu não vou ficar em volta de você esperando o destino decidir por nós. Na sua calma em se resolver, eu estou criando planos pra seguir minha vida sem você:
Você está me perdendo aos poucos.
E isso pra mim é tão claro que mal chega a doer.
De tanto que você quis seu espaço, eu fui aprendendo a gostar do meu. De tanto que você não quis se prender, eu fui desejando as novas possibilidades. De tanto que você evitou fazer planos pro futuro, o meu agora não conta mais com você: eu me vejo em outra cidade, com outros amigos e com outro amor. 
E eu simplesmente não consigo mais te ver lá (afinal de contas, não era mesmo onde você queria estar...).