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domingo, abril 29, 2012

Desde mi sangre hasta la esencia de mi ser...

Você me olha nos olhos e pergunta de novo 'o que foi'. Eu desvio rápido o olhar, suspiro e digo 'nada'. Você não se convence. Então eu corrijo minha postura, neutralizo minha expressão e repito 'nada, sério', tentando não transparecer meu desespero, tentando não gritar que não é nada e sim tudo. Mas eu não posso te contar. Não posso te contar que eu te amo mais do que meu corpo permite, que eu te amo mais do que meu horário deixa ser. Que eu te quero mais do que todas essas pessoas à minha volta juntas. Eu não posso te dizer que, apesar de que você não foi a razão de eu estar aqui, você definitivamente é a razão de eu não querer estar em nenhum outro lugar. Eu não te conto que todas as pessoas não passam de um bando de babacas fazendo fila pra chegar primeiro no fundo do poço da minha escala de relevância, e que eu nunca prefiro a presença de ninguém à sua nessa cidade. Eu não te conto que eu tenho me forçado a rir com os outros pra que você não pense que eu estou tão só. Ou que eu tenho evitado sorrir pra você pra que você não perceba o quanto eu te preciso.
Meu Deus, como eu te preciso...
[...]

sábado, abril 28, 2012

"Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá? (jeremias 17.9)"

Coração

Meu estômago revira, meu corpo se recusa a reagir e minha cabeça dói. E eu só consigo me perguntar como é que o meu cérebro consegue me pregar essa peça? Ele não deveria ser racional e preservar o meu físico de toda essa destruição? Mas a dor que eu estou sentindo se espalha por todo o meu corpo. Eu me enrolo, deito de barriga pra baixo, de barriga pra cima, e espero o sono vir. Eu não consigo ficar em pé, eu não consigo estudar, eu não consigo fazer nada do que eu tenho que fazer. Eu estou com fome e até agora não comi. Mas o meu cérebro não me deixa dormir. O sono não vem. Estou prostrada mas não consigo dormir em paz. 
Eu não consigo enganar meu corpo porque ele sabe que já chegou o fim. Ele vê isso nos seus olhos. Ele sente isso na forma como você me toca.
E ele me subjuga. Eu não vou dar nenhum passo porque eu não saberia como. Se eu tentasse, eu tropeçaria no meu próprio pé. E como eu iria explicar aos outros que eu soltei sua mão porque escolhi soltar? Depois de te amar tanto e de continuar amando? Te amando e sendo amada por você de forma tão intensa e simplesmente escolhendo que não deveria ser assim?
É verdade, sim, eu te amo. Sei disso porque eu ando na rua mas eu só me importo com o olhar que você dirige a mim. Sei disso porque eu conheço um tanto de caras legais mas é só de você que eu sinto solidão. Sei disso porque cada gesto bonito seu me deixa inebriada. Porque eu passo a semana ocupada mas quando chega a sexta feira a noite meu corpo procura avidamente por você. Sei disso porque quando você me abraça eu não tenho pressa de mais nada.
Sei disso porque sei com cada célula do meu corpo.

segunda-feira, abril 16, 2012

Agenda

Eu estou enrolada em dois cobertores e isso não é suficiente porque meu corpo ainda está frio. E isso não é por causa do clima instável ou de uma frente fria inesperada ou por causa do cobertor fino. Isso tudo é porque falta calor em volta dos meus braços trêmulos e em volta das minhas mãos vacilantes sobre esse papel tosco.
Eu fecho os olhos e tento dormir mas a minha memória estúpida insiste em repetir tudo aquilo que parece estar errado e em reprimir todas as memórias que poderiam fazer bem ao meu estômago. Náuseas. Então eu espremo as órbitas tentando esconder a imagem de você sentado à minha frente enquanto eu fazia papel de idiota abrindo meu coração, parecendo uma criança mimada chorando sem motivos e eu sei que eu não sou só isso.
Eu sou mais do que alguém que quer dominar o objeto do seu amor. Eu sou mais do que uma pirralha mimada que esqueceu de amadurecer. Eu sou mais do que alguém que não sabe lidar com responsabilidades ou compromissos. Eu sou mais do que isso. Ou não. (?)
Eu sou mais. Insistentemente mais do que isso. Eu sou alguém que infelizmente ama na hora que dá na telha e que sente saudades na véspera do dia de provas e que quer andar de mãos dadas atrasada pra ir pro trabalho. Eu sou alguém que não se cansa de olhar nos olhos. Eu sou alguém que tem urgência de sentir intensamente e que se importa com demonstrações de afeto. Eu sou alguém que corre pra abraçar.
Então eu te pergunto: porque você insiste em me amar dessa forma tão lamentavelmente pouca e tediosamente sóbria, com hora pra chegar, com olhar cansado, com segundos contados e pressa de partir?
Eu preferi(ri)a te ver uma vez em muito tempo se a cada vez você viesse com pressa de me amar e com lábios urgentes, se você deixasse o mundo de lado e tivesse olhos só pra mim por meia hora. Então porque você insiste em me marcar entre um horário e outro? E porque você está sempre tão ocupado enquanto eu choro de solidão? E porque você insiste em esperar que eu adivinhe de onde é que vem essa droga de amor que você não me conta nem me mostra nem me faz sentir?
Eu não vou ser mais a criança mimada que reclama porque preparou a refeição e comeu sozinha. Ou que chora porque passou o final de semana sem receber uma ligação.
Ao invés disso eu vou tentar ser essa adulta débil e insegura que pensa que não é amada mas que passa maquiagem às 6h da manhã pra conquistar elogios fúteis e se sentir bonita, que almoça com os colegas de trabalho e que sai à noite com o que costumam chamar de amigos, que ri e se diverte, e que dorme na casa de uma garota legal só pra ocupar seu final de semana vazio e infeliz, e que chora à noite porque nada disso é verdade.
Eu vou ser essa adulta que ama se der tempo e que dá carinho quando encaixar no horário e que finge entender essa falta constante de tempo pra tudo e que se ocupa com suas próprias coisas e obrigações só pra abafar a miserabilidade do ser, tudo isso pra não te atrapalhar a viver sua vida tão ocupada e satisfatoriamente preenchida com tudo menos eu.

terça-feira, abril 03, 2012

Ela

Não é que ela não seja linda, ou que ela não mereça você. Não é que a voz dela não seja macia feito algodão-doce ou que o mundo não se curve diante daquele olhar de dia de Sol. Não é que eu tenha ciúmes dela, ou que eu deseje a vocês algum mal. 

Mas é que nós dois, na minha mente, somos tão melhores juntos.