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domingo, julho 24, 2011

Tom de Saudade

[...] É inexplicável,
mas parece que encontrei tua essência em um outro alguém
Tenho receio de me confundir
Amor por transferência, já ouviu falar?
Às vezes eu tento acreditar que o bem que você me faz é maior do que o sofrimento que me causa. Então você vem e me faz duvidar disso!

Promessa

Naquela manhã em que eu acordei mais cedo só pra poder te olhar dormindo
Naquela manhã eu quebrei a minha promessa de não me apaixonar
                _Sim, eu estava fadada a sofrer por ti_
Me desculpe, já é tarde demais
No ponto em que estou não há caminho de volta.

quinta-feira, julho 21, 2011

Confesso

Confesso: eu menti quando disse ter certeza. Eu não tenho. Fica chateado não, não quis te enganar. Aliás, quis sim, mas foi sem querer. Sem querer não: foi querendo que fosse verdade! Disse assim, com voz firme, só pra tentar acreditar junto com você. Queria que fosse verdade. Que fosse simples assim. Bastando decidir te amar pra vida toda e fazê-lo. Mas não é. Gosto de pensar. Gosto e não gosto. Não gosto porque penso e não chego a conclusão nenhuma. Mas não consigo parar, é um vício. Então eu te olho e me pego pensando, e fazendo planos pro resto da vida. E depois eu me olho no espelho e me pergunto a quem engano. Às vezes você parece que só finge acreditar. Você acredita em mim? Você acredita quando diz que me ama? Ou nem pensa nisso? Gostaria que pensasse. Queria que tivesse certeza quando dissesse. É querer demais? Talvez se soubéssemos ser honestos com nós mesmos, conseguiríamos ser um com o outro. Eu sou curiosa, quero possibilidades. Me deixa tentar? Mas sem me largar: anda juntinho comigo. Não é que eu não saiba viver sem você, é que tenho preguiça de tentar. É tão bom teu carinho aqui. Tuas mãos quentes no meu rosto, o jeito como a gente encaixa. Responda minhas perguntas? Você não saberia, eu sei. Me beija então? Mas me beija logo, só assim pra minha mente parar de funcionar. Enquanto isso eu vou negar, pois tenho medo do dia em que eu possa acordar não tendo mais certeza nenhuma de você.

terça-feira, julho 19, 2011

O Que Todos Nós já Sentimos

Você se foi. Partiu de mim e não se deu ao trabalho de olhar para trás. Não se despediu, não me olhou nos olhos, não fez questão de um último beijo ou de alguma explicação tola. E eu te vi partir sem poder te gritar de volta, tão longe que fora. Foi assim que me deixou: presa, atada, dependente de ti. E quando se foi tornei-me amarga, fria e vazia. Perdi a vontade de ser agradável ou de ser boa companhia. Perdi a vontade de acordar. Passei a ter medo de gente, do amor e de mim mesma. Quis te matar dentro de mim e comecei um longo processo de autodestruição. Mudei por sua presença e, de novo, mudei por tua ausência. Vê que até estando longe você me transforma? E tudo o que tive de ti foi a falta, a ausência cruel, o silêncio dominante, intercalado por palavras que você jogou sobre mim sem se importar com o efeito: dizia e contradizia, e nunca dava explicações. Enquanto isso eu vigiava sua vida, só pra ter certeza de que ainda respirava pra eu poder dormir em paz. Mas tudo o que fiz foi sonhar com o momento em que você iria voltar pra mim e me beijar, fingindo que não partiu enquanto eu fingia que você não havia me magoado. Algum tempo se passou e eu comecei a procurar em minha memória algo que me dera de bom pra que eu te amasse. Algo de bom que eu pudesse guardar como motivação. Nada! Não encontrei nada além do meu amor irracional e autodestrutivo. Avancei mais um pouco e comecei a esperar pelo dia em que você iria perceber que meu amor era o mais sincero, que nós amávamos as mesmas bandas, que eu era incrível e interessante e que não havia motivo nenhum pra você não me amar. E seria, então, tarde demais. Eu iria te ver se arrastar aos meus pés, gritando todas as palavras que por muito tempo esperei ouvir e implorando pra que eu te amasse só por um pouquinho mais de tempo. Não demorou muito e eu me dei conta de que deveria parar de mentir pra mim mesma, sonhando que aquela pessoa a quem eu mais me doei iria, um dia, se dar conta de todo o amor que quis oferecer e de todo mal que me causou em troca. Sonhando que essa pessoa iria querer o meu perdão por ter ignorado meu amor e minha relevância. Dei-me conta de que as pessoas que eu amo não necessariamente sentem necessidade de mim e de que elas podem nunca olhar pra trás e se dar conta do meu lugar vazio. E você? É só mais um entre esses tantos humanos babacas que não sabem amar. Não deveria, nunca, esperar de ti o melhor. Você jamais seria tão inteligente!

segunda-feira, julho 18, 2011

Recado à Distância

Quis guardar-te umas palavras,
Um bocado delas, na verdade.
Mas tantas eram que poderiam confundir-te
Guardei delas, então, as mais importantes:
Que o vazio da tua ausência me enche e falta espaço
E que o que sinto por ti não tem definição.
Amor é um resumo.
       (Um conceito urbanóide, como diria Lucas Silveira)
Lembre-se, pois: Sinto tua falta. Te quero bem!
Me ame de volta. Volte logo pra mim.
E me beije quando voltar.
Isso é tudo.

sábado, julho 16, 2011

Medo de Cair

Naquela noite em que você saiu porta afora e se despediu com um beijo açodado, peremptória roubei-te um abraço desses de furtar o fôlego. Queria ter gravado melhor o teu sorriso nos meus lábios. Desses que você dava acanhado quando eu te beijava calidamente. Assim que você saiu na direção do aeroporto, me bateu um aperto no peito. Nunca pedi muito da vida. Queria dela tantas coisas, mas sempre me contive em exigir uma ou duas pra ser feliz. Como primeiro da lista, nunca me faltou o vigor para buscar as coisas terrenas. De lambujem ganhei o teu amor. E como viera completo, trazendo outras coisas além do que pedi! Trazendo-me um sentido quando me deitava à noite. Alguém que merecesse o meu afeto, alguém que me fizesse querer bem. Com quem, com muito prazer, diga-se de passagem, dividi meus melhores sonhos e junto de quem transformei meus objetivos para que fossem os mesmos para ambos. Com quem aprendi o significado de 'nosso' e pra quem existi mais do que pra mim. E você partiu naquele momento. Soube, de uma vez só, que estava muito bom pra ser verdade. Talvez por eu não exigir tanto da vida, ela não quisesse me ver satisfeita assim. 'Se queres pouco, menos ainda te darei, só pra fazer-te infeliz como todos os outros cancros que te cercam!'. Tive pavor da queda. De que qualquer coisa mudasse. Que você se perdesse no nosso caminho e não achasse atalho de volta. Tive medo de caminhar sozinha e de que você achasse alguém melhor do que eu. O silêncio fez de mim notívaga. Não dormi. Naquela noite tive medo do sopro, do tombo, e sabia que viria, só não sabia de onde, arrancando-me o chão e me fazendo desabar insistentemente. Não há paz que perdure. Não há felicidade que subsista. 'Agora não', pedi às paredes brancas à minha volta. Era por demasiado cética pra pedir pra além delas. 'Não tô pronta ainda'. Sabia que a vida tramava contra mim, porque eu era frágil e covarde sem ti. E era assim que ela ia me igualar a todos os outros infelizes, desarmando-me de ti. Passaram se três horas e, já muito mal, eu respirava de uma forma insana sem entender de onde viera tanta desconfiança. A madrugada me suprimia sob sua melancolia. De tanto sofrer, cansei-me, e quase consegui dormir quando fui despertada pelo telefone. Era uma voz ignota contando-me que seu avião caíra.

quinta-feira, julho 14, 2011

Romance de uma Casa Noturna

Observava-te enquanto você se desvencilhava educadamente de conversas sem objetivo e dos toques de mãos femininas não-familiares. Introspectivo, atento ao copo de cerveja e absorto em seu próprio conceito de relevância, você parecia um deus intocável enquanto todas as garotas da mesa olhavam fixamente para você. Inclusive eu. Mas me abstive em te olhar e fingi indiferença, esperando que talvez você se interessasse em puxar assunto com a garota-que-não-estava-nem-aí. Ledo engano. Como se sacasse o meu tipinho previsível _como detesto me sentir assim!_, respondeu com a mesma displicência. Comecei a beber então e, junto com a vodka, um conflito interno começou a tomar conta de mim. Tentava me aproximar do único cara que me provocou um lapso de confiança, despertando meu interesse e balançando meu ego? Ou permanecia anônima para ti? Decidi, então, ficar onde estava para que, ao menos, não fosse humildemente comparada com aquelas belezas estonteantes que te cercavam. Não queria nunca, aos seus olhos, ser apenas uma dessas que só prestavam atenção em você pelos seus olhos penetrantes e pela sua beleza incomum. Muito antes preferia que não tivesses consciência de minha existência.

Muitos copos de vodka depois as pessoas começaram a dançar, disputando, na pista, a atenção alheia. Entre corpos fabulosos se movendo e cabelos esvoaçando, você permaneceu negligente, estático e sentado em seu lugar usual, jogando conversa fora com seus botões, como se não desse bola para aquele circo. Meu Deus, como eu te queria. Um a um todos saíram da mesa e restamos eu e você. ‘Droga’, pensei. Estava sóbria o suficiente para ter total consciência de tua presença e bêbada demais para arriscar falar contigo. Decidi permanecer calada. Um bom tempo se passou antes que você dissesse algo, e você começou dizendo: ‘Eu odeio este lugar!’. Droga. Já me senti uma idiota, pois discordava completamente. Mais idiotamente ainda arrisquei ser franca e disse que gostava dali, dando meus motivos que, agora, nem pareciam fazer sentido. Por incrível que pareça você me ouviu com atenção e levou em conta meus argumentos. Como se fosse mesmo uma coisa importante, não é? Mas dali surgiu uma infinidade de assuntos totalmente despretensiosos. Ficamos a noite toda conversando e nem eu nem você demonstramos interesse algum em algo além da conversa que estava tão boa e tão leve. Irrelevante sem ser fútil. Você ouviu atentamente minhas opiniões pessoais, minha visão política e meu gosto musical. E eu tentei me lembrar de qual a última vez em que tive uma conversa tão singela em uma casa noturna. Não consegui. Tentei me lembrar então de algum outro cara que tivesse se interessado em me ouvir sem se importar com o que poderia ter de mim. Nada. E era exatamente isso: você não esperava de mim mais do que as palavras que eu poderia te dar.  Você sequer queria mais do que as palavras. Você as ouvia como se fossem importantes e significassem algo para você. Como se elas mudassem a forma como você me via e fossem desenhando para ti uma forma diferente da que meu corpo transparecia. Me apaixonei, pois, por ti. Tão profundamente que corria o risco de sofrer para sempre se não me amasse de volta.

Me apaixonei pela forma como você não se importava com corpos esculturais ou com rostos bonitos. Amei a importância que deu às minhas palavras e ao que tinha para dizer. Me rendi à tua forma de ressaltar o quanto eu era interessante e ao modo como buscava me desvendar. E agradeci eternamente por encontrar alguém no mundo que quisesse fazê-lo. Desejava mais do que fingir ser alguém interessante para você. Queria SER esse alguém. Você ouviu o que eu tinha a dizer. E eu me apaixonei perdidamente por você.

Podia até não ter de volta o teu amor, mas estava tudo bem, afinal, você era mesmo o único a merecer o meu.

quarta-feira, julho 13, 2011

O Dia em Que Eu te Conheci

Algumas pessoas odeiam as coisas com muita facilidade (eu, por exemplo). E eu odeio muitas coisas, por sinal. Mas eu fico extasiada quando acontece o contrário, muito raramente, quando eu gosto de algo/alguém muito facilmente. Mas você bem que ajuda bastante, né? Não tem como não gostar de você, acontece tão naturalmente quanto respirar. É só conversar contigo por dois minutos e já se tornar apaixonado por você, pelo seu jeito. Bem, a vida tem suas fugacidades. E eu não vejo isso com maus olhos, afinal, não iria querer que as coisas ruins durassem pra sempre, certo? Mas há coisas que a gente queria que durassem pra sempre, ou que pelo menos eu pudesse levar comigo pra todo lado que fosse. É inevitável pensar que ano que vem não mais nos veremos, apesar de estarmos disportas de um longo período a ser percorrido juntas ainda. Mas sabe que eu ainda penso que seu nome vai estar no meu discurso de formatura? Pra agradecer pelo engrandecimento que você tem me feito passar? Parabéns, minha linda, por existir, por sorrir, e por fazer sorrir a muitos que têm o privilégio de te conhecer a fundo. Hoje é um dia importante porque é uma data especial pra você, mas não teria significado nenhum se não houvesse o dia em que te conheci.

De Carolina-com-K Figueiredo para mim. Muito obrigada, minha linda. Acho que não preciso dizer nada além de que amo você.

terça-feira, julho 12, 2011

Nosso

Nós dois conversávamos despretensiosamente na bancada cozinha, e eu te observava, entre um e outro gole de um café forte, com um olhar deslumbrado. Este deve-se ao simples fato de que não poderia imaginar, em momento algum do ano que se passou, que estaria hoje tomando o café da manhã acompanhada e que isso seria tão natural, como se todos os meus passos fossem dados só para me levar até você. Eu me lembro bem de como você era cuidadoso no início. Media bem as palavras sempre buscando a forma mais racional e mais franca de dizê-las. Agora as palavras te escapam. Saem de ti para mim, e é um fluxo natural. Sabe por que? Porque agora sou parte de ti. Estávamos jogando conversa fora, o que torna o contexto desnecessário e, entre um devaneio e outro, você disse mais ou menos: 'Nosso filho vai se chamar assim ...'. Disse assim, preto-no-branco, tão naturalmente que nem se deu conta do peso das tuas palavras sobre mim. Engoli rápido demais o café quente e tentei disfarçar meu desconforto, com medo de que você me interpretasse mal. As palavras te escapam, meu bem, e os teus planos vêm à tona. Dei-me conta de que você deixou de lado o cuidado com as palavras e, junto, todo o receio em se entregar. Te vi sair do controle, e gostei. Me apaixonei por mais um pedaço de você, um que eu ainda não conhecia. Aquele que faz planos pro futuro sem se munir de todas as precauções.

Vê como cada palavra que dizes tem efeito duradouro em mim?

Você sequer se deu conta de que tuas palavras tinham tanto significado implícito, mas eu te leio, meu bem. E há muito tempo estava esperando um sinal teu pra eu poder sonhar com esse momento em que teríamos uma coisa tão minha quanto tua.

sábado, julho 09, 2011

Sobre o Amor

Você me pegou calmamente pelas mãos e me guiou como alguém que apoia uma criança que dá os primeiros passos. A diferença é que não era a primeira vez que eu aprendia a andar. Você me levou consigo sem sequer perguntar meu sobrenome. Seus olhos refletiam a surpresa dos meus enquanto seus braços envolviam meus ombros num gesto suave de carinho do tipo que não espera nada em troca. Não se importou com minha maquiagem borrada, com meu nome estranho, com minha embriaguez tola ou com o fato de eu já não ser capaz de amar. Ao invés disso me guiou adentro de tua sala aconchegantemente desorganizada, e à meia luz _que escondia a frieza constante nos meus olhos_ despiu meus sentimentos. Foi sem querer, eu sei. Você não me perguntou, mas eu disse assim mesmo. Disse, porque você não esperou nada de mim. Porque não me pediu que fosse madura, franca ou racional. E exatamente por isso eu fui contigo o mais honesta que pude. Te contei meus medos, minhas manias, meu primeiro beijo e minha cor favorita. E, até quase o amanhecer, você ouviu cada palavra, sem ousar interromper, com medo de que isso bastasse pra eu me trancar novamente. Não, eu não me escondi, estava frágil demais para tentar fingir ser algo que você pudesse querer. E talvez por isso você tenha gostado de mim. E, principalmente por isso, eu me apaixonei perdidamente.

Na manhã seguinte, ainda deitados, enquanto eu encarava a paisagem na tua janela, você ousou perguntar: 'Qual teu sobrenome, mesmo?'. Eu ri, e pela primeira vez você me viu gargalhar. Você se assustou, mas saiu pela tangente dizendo que meu sorriso era bonito, tamanha tua bondade. Naquele momento eu senti vontade de recomeçar, de caminhar de novo, e quis desesperadamente que o teu beijo cuidadoso e teu carinho protetor da noite passada não fossem conclusões turvas de minha bebedeira.

Na hora de ir embora, 'Teu telefone?', e eu senti uma descarga de adrenalina que fez-me sentir como uma adolescente boboca, pois previ a angústia que viria nas próximas quarenta e oito horas em que você poderia ligar. Para minha surpresa, você ligou daí a duas horas dizendo que era pra confirmar se o número era o certo. Engraçado, levou uma hora e meia no telefone pra confirmar. Muito menos do que isso pra eu ter certeza de que você me queria também.

Logo vi: fomos feitos um pro outro.

quinta-feira, julho 07, 2011

Volta

Tudo o que eu queria era ser aquela primeira pessoa por quem você seria capaz de quebrar todas as suas regras. Queria que, por um momento, você perdesse o juízo e fosse atrás de mim, me dando todos os motivos irracionais que fosse capaz de lembrar, só pra tentar me convencer a ficar, provando que a iminência de minha partida havia te tirado a razão. Queria te ver sair um pouco do controle e que me beijasse ousadamente como nunca fizera antes enquanto me pedia 'volta?'. Tudo porque, em minha mente, completei teu silêncio com as palavras que desejava ouvir. Pra que isso? Pra mais uma vez provar pra mim mesma que expectativas são criadas para serem frustradas. Senti então uma repentina necessidade de que fosse recíproca a ânsia irracional que tinha de ti. Porque só eu sei quantas promessas quebrei para estar contigo. E ninguém mais sabe do quanto eu abri mão. Houve momentos em que cheguei a pensar estar perdendo as rédeas de minha vida, pois me perdi ao te procurar. E eu preciso que, como uma surpresa agradável, em algum momento você perca seu rumo, não saiba para onde ir e me veja, então, como tua direção, para que sinta que você está em minhas mãos tanto quanto eu estou nas suas...

Randômico

Entrei em um jogo perverso onde só tenho a perder, e nessa brincadeira perigosa eu sou fria, calculista e carrego a razão como item de bolso. Simulo desconhecer a tua ausência e faço de conta que a culpa não foi minha. Tento fingir que não te perdi porque tive medo de segurar sua mão e encarar o que poderia vir pela frente. Como se do teu lado o futuro não fosse, sempre, uma boa opção. Cada lágrima que me faz engasgar enquanto explico aos outros porque não está sentado, no bar, na cadeira vazia ao lado da minha_ dando a cada um a justificativa que espera ouvir_ , cada uma destas lágrimas transformo internamente em resignação. A cada tentativa _frustrada_ de ignorar a falta que você me faz, meu coração ri, em tom de zombaria, da minha mente que tenta se iludir, e todo esse teatro beira o ridículo. Seria estupidez negar que a sua ausência desaba sobre mim a cada nova manhã. Mas, enquanto contenho essa dor excruciante, tento fingir que, em momento algum, eu estava abrindo mão da felicidade.

domingo, julho 03, 2011

Vício

Arrasto, há alguns invernos, essa paixão que me adoece. Esse magnetismo que me ata, me torna adepto de outro alguém. Porque meus lábios buscam tão incessantemente estes beijos que os subjugam, deixando-me prostrado? Porque meu corpo busca essas carícias que o submetem, deixando-me viciado? Se bem sei que isso não me basta e só me torna mais vulnerável e dependente? "Deixas de lado essa droga que te inebria e te desorienta", repito a mim mesmo incessantemente, "essa paixão que te entorpece os sentidos, que te deixa enfermo e te põe prostrado mas não te deixa dormir em paz". Porque, desde que meu corpo me tornou subserviente, servo do amor de outrem, assim se traçam minhas noites: frias e febris.