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quinta-feira, setembro 29, 2011

Instante

Talvez eu queira mais do que saber a cor dos seus olhos; talvez eu queira aprender a interpretá-los; talvez eu queira mais do que saber teus passos, talvez eu queira entender o que te move; talvez eu queira mais do que saber o nome de cada pessoa com quem você anda, talvez eu queira entender o que te leva a amar; talvez eu não queira ouvir as reclamações sobre teu chefe, talvez eu prefira ouvir sobre teus medos; talvez eu não queira saber de tua euforia, talvez me importe mais saber o que te faz feliz; talvez eu não queira te ver satisfeito, talvez eu queira te ver se questionar; talvez isso seja egoísmo, talvez seja só uma forma estranha de sentir amor; talvez eu não queira tua resposta, talvez eu queira iniciativa; talvez eu não queira prazer contigo, talvez eu queira teu calor humano; talvez eu não te necessite, talvez eu te queira; talvez eu não te queira, talvez eu te necessite, sim; talvez eu goste de sentir a tua dor, talvez eu acredite que isso nos torna melhor; talvez eu queira ser mais do que mais um na sua agenda telefônica; talvez eu queira mais do que ser um telefone gravado na memória; talvez eu queira ser mais do que uma obrigação; talvez eu queira mais do que ter amigo, talvez eu queira reciprocidade; talvez eu queira ser mais do que eco, talvez eu queira que minhas palavras sejam alimento. Talvez eu queira mais do que você pode me dar. Talvez eu queira mais do que você pode ser. Talvez eu queira demais; talvez eu não queira mais nada.

"Não quero sugar todo seu leite, nem quero você enfeite do meu ser, apenas te peço que respeite o meu louco querer (...) " - Nosso Estranho Amor, Caetano Veloso

sexta-feira, setembro 23, 2011

Nostalgia

Um aroma nostálgico. Nada mais foi preciso, e lá estava eu tentando por minha cabeça pra funcionar. Nem me lembro bem onde eu estava, mas eu me lembro de fechar os olhos tentando usar todas as energias do meu corpo pra voltar no tempo a um momento em que a sua mão estava sempre ao meu alcance. Eu devo me sentir culpada só porque, àquela época, eu não sabia o que era amor? Desculpe, amor, mas a saudade não é só de você. Eu me lembro de sorrir sem saber por quê, e de muitos amigos dormindo amontoados, só porque ficaram conversando até tarde. Me lembro de chocolates e refrigerantes na sacola, enquanto alguém usava pela primeira vez um cartão de crédito. Me lembro de uma fila enorme, de algum incômodo e, depois, de muita música e euforia. Me lembro de algum pedido de desculpas, de um olhar frágil de uma falsa segurança, de alguma maquiagem verde e de um beijo tímido. Me lembro de uma tevê ligada nos Simpsons, enquanto seu colo me servia de travesseiro. E eu me lembro da chuva, sempre. O tempo passou, e com ele muitos amores, e muita esperança também. Alguns sonhos se foram até rápido demais, e até a saudade é cruel, vindo de supetão e só deixando o gosto amargo de algo que perdeu a validade. Eu achei que ser feliz tão intenso iria me servir pra sempre. Achei que ser amor tão grande ia me bastar enquanto eu estivesse só. É claro que voltar no tempo significa regressão, e é claro que eu não pediria por isso. Mas porque crescer assim, se meus olhos se tornaram amargos e ainda é tão cedo? Eu me lembro bem de como eu abria meu coração, e você e todos os outros me ajudavam a recolher as peças e botar tudo no lugar. Desta vez, amor, eu abri meu coração, mas quando fui fechá-lo novamente, faltavam muitas peças. É que eu me esqueci de me certificar de que alguém iria juntá-las por mim. E o pior de tudo é que eu não consigo mais alcançar as suas mãos.

quinta-feira, setembro 22, 2011

Intenção

Eu pressiono uma mão contra a outra, entrelaço os dedos e é uma forma de me convencer que eu estou me agarrando a qualquer coisa que seja. Eu tenho algo em que me apoiar. Talvez eu esteja fazendo tudo isso errado, metendo os pés pelas mãos. Talvez eu até goste de andar no escuro, mas vez e outra essas vozes estranhas, bastardas, indefinidas, me fazem lembrar do quão longe eu estou do chão. Mas eu estou acima, e daqui o horizonte não se perde. Porque não é o suficiente?

E se tudo isso soa inconsequente, como uma criança brincando de roleta russa, eu te digo que os meios justificam os fins.

segunda-feira, setembro 19, 2011

Inacabado

Essa necessidade incansável de terminar cada projeto que te vem à mente. Larga de tudo isso, de toda essa pretensão, e reconheça que você muda mais do que pode perceber. Cada projeto que você inicia, cada nova aposta, é algo que te transforma. E não importa se você muda de ideia antes de chegar no fim. Sabe quando você era criança e queria abraçar o mundo? Você não é mais assim, mas aquilo te fez o que você é hoje. Não se apegue tanto, não se prenda, não se amarre assim. É só uma necessidade de provar algo pra mais alguém, não é? Admita. _E você adora dizer que não se importa!? Balela.

Tudo aquilo que você quer jogar pro alto, todas as pontas soltas, todos os i's sem pingos, se isso não importa mais pra você, não tente consertar. Jogue fora, arrume um novo, permita-se reinventar-se. No meio de toda essa história você já mudou de ideia meia dúzia de vezes, e já imaginou começos, meios e fins diferentes, e nada disso foi definitivo, porque cada um desses pensamentos foi transformador. Pare de  buscar respostas definitivas. Quando você parece estar encontrando o fim da estrada, ela se bifurca e você se vê perdido de novo. Pode soar cliché, mas o teu passado está presente o tempo todo, cada presente é fruto de um pretérito. Às vezes distante, às vezes nem tanto.

Você não precisa cumprir todas as suas promessas. Não precisa manter sua palavra sempre. Nem pra você mesmo. Quem te disse que o nome disso é amor próprio?

Meu

Eu só posso alcançar aquilo que me pertence. Só consigo agarrar aquilo que é meu. Eu não quero isso de outro. Eu não quero isso de mais ninguém. E se você me disser que não quer nada disso mais, que nada aqui é meu, se hoje você se despedir, eu não vou procurar isso em mais ninguém. Eu vou sofrer. E vou permanecer só. Mas isso não significa que eu estarei esperando por você.

Eu preciso mais do que meu, eu preciso nosso.

quarta-feira, setembro 14, 2011

Carrossel

E enquanto tudo parece mudar, nada, de fato, sai do seu lugar.

Intuitivo

Depois de começar uns três textos e abandoná-los no meio do caminho, tenho que confessar que você foi a única coisa que realmente me inspirou a escrever nessa madrugada. Você, melhor do que ninguém, entende essa minha mania de querer me fazer entender, então eu gostaria de deixar claro que você é importante pra mim.

Sabe aquela história de 'conscientemente feliz'? Então, é exatamente por isso que eu digo que você é importante. É porque pra mim isso é mais do que eu simplesmente dizer que te amo. Você é importante pra mim porque você me ajuda a crescer, a amadurescer, e você me dá, constantemente, novos pontos de vista, novos assuntos a se pensar. Talvez você não vá gostar disso, mas "eu te admiro". Sim, é isso mesmo, e não comece a negar mentalmente. Você é uma pessoa incrível. Mais incrível ainda por se dar conta de que, ainda assim, sempre se pode melhorar. E não seria injusto te comparar com os grandes, porque você, definitivamente, tem potencial pra chegar lá.

E eu confesso que quando eu sinto de verdade, eu paro de avaliar um pouco. Mas ainda assim é fácil ver como sua atenção me faz sorrir, e a reciprocidade que eu sinto quando eu demonstro fazer questão de você. Também gosto do seu cuidado, ou de quando você me manda uma mensagem avisando que não vai estar lá. E tudo isso me deixa conscientemente feliz. E do teu lado eu só faço sorrir. E penso, claro, que somos doentes mentais. Às vezes eu acho até que sou mais engraçada e desinibida junto de você.

Claro que às vezes me pergunto o porque de tudo isso. Porque gosto tanto de você. E tudo o que consigo pensar é que é algo natural. Gostar de você é intuitivo. Não precisa ser consciente: acontece. Mas eu sou conscientemente feliz com tua amizade. Conscientemente te considero importante.

E, conscientemente, tenho medo do tamanho da saudade que irei sentir quando você se for. E quanto à sua partida, isso me parece conscientemente, intuitivamente, metalingüisticamente (a gente entende, risos) assustador!
Sabe aquele texto que você lê e depois tem certeza de que entraram no seu corpo e leram sua mente? (risos) Então:


"Nada mais clichê do que se achar diferente por constatar que somos todos iguais. Nada mais ignorante do que se considerar inteligente por enxergar isso. Nada mais cansativo do que repetir isso aqui; mas escrevo pra poder acreditar, pra ver se deixo de achar todo mundo babaca, porque é isso que me sobra."

Karolina Figueiredo
Eu sinto quando eu digo. Isso arde. Chega a doer. Mas só existe enquanto em meus lábios. Quando tua boca se despede, tua verdade se esvai.

segunda-feira, setembro 05, 2011

Em mim

Quero me despir da tua falta e me vestir do gosto da tua boca. Quero teu cheiro na minha circulação, teu suor nas minhas veias. Te quero fazer parte de mim, solúvel e inseparável. Te quero em mim. Quero teu nome escrito na minha pele junto com um par de palavras indecifráveis. E só eu vou saber que elas significam dependência e amor, assim, nessa ordem.
Em nós dois não há lugar para essa falta. Sou tão junto de ti, tão junto. Meu pensamento é tão perto do teu.

domingo, setembro 04, 2011

Rehab

O dia está feio lá fora. Faz frio, ameaça chover e o vento não está soprando amigável. Ainda assim eu quero sair, pois eu não suporto mais estar preso aqui. É triste quando o que te prende é a tua própria solidão, estar só e não gostar do que vê.

Eu te amei. Eu fui você por muito tempo. Eu te vivi. E você me foi exatamente como uma droga: a gente começa gostando do que é, daí a gente percebe que não é mais a gente mesmo. Tudo o que eu fiz foi perder quem eu sou pra poder seguir seus passos. Perdi a capacidade de julgar ou de tomar uma decisão sozinho. Escolher te viver: essa decisão foi fácil, afinal, eu nunca fui exatamente o que eu gostaria, e ter que lidar comigo mesmo sempre foi um pouco amargo. Difícil foi ver que você não era dependente de mim como eu fui de você, e agora eu perdi o jeito de ser eu mesmo.

Eu vou me abster de você. Esse dia cinza é o início de uma reabilitação. Vou limpar meu sangue dessa tua toxina, tirar teu oxigênio das minhas veias. Vou despir meu corpo de você e te apagar de todo tipo de memória que possuo. Esse silêncio todo eu vou ocupar com alguns CD's de qualquer coisa que não seja você. E essas lágrimas, eu vou deixar que escorram. Quem sabe elas não transformem em desprezo essa coisa doentia que um dia eu chamei 'Amor'?

sábado, setembro 03, 2011

Eu inventei tudo isso pra te convencer. Você acreditou tanto que juntou as mesmas armas e usou-as contra mim. Falei de razão, de franqueza e de olhos-nos-olhos, e você me doeu tanto ao me atirar todas essas verdades. Pare por um momento e entenda que eu me fingi de fortaleza e disse que poderia aguentar. Mas é muito passado pra pouca transformação. E os seus olhos nos meus doem, mas é tudo ilusório. Isso tudo não te dói, não te fere. Nada disso te sente dia nenhum. E agora eu sou constantemente atormentada por esses fantasmas que vêm pra me lembrar daquele ponto onde eu costumava errar. Por favor, parte agora que eu não te posso mais suportar. Eu quis ser racional. Você o foi.

Não dói assim em mim que esse peito não te cabe, dor.