Páginas

segunda-feira, março 19, 2012

Sobre Razões


Você me pediu pra te amar não pelo que você faz ou pelo que você tem ou mesmo pelo que você acredita. Você me pediu pra te amar pelo que você é. E eu me pergunto: qual a diferença? Eu não te amo pelo que você faz ou tem ou acredita. Eu te amo por tudo isso junto, pois tudo isso é o que você é. E se você mudasse ou fosse diferente você não seria você da forma como eu te conheço e isso poderia mudar tudo. Eu não posso te jurar que eu vou te amar pra sempre independentemente do que você faça ou tenha ou acredite, pois tudo isso diz um pouco sobre você. E porque eu estou dizendo toda essa baboseira que parece não fazer sentido nenhum? Porque você me pediu por um motivo pelo qual eu te amo, e eu te amo por muito mais do que aquilo que você acredita ou tem ou faz, eu te amo pelas razões que te levam a acreditar ou ter ou fazer ou ser cada uma dessas coisas que você é, e incrivelmente da forma como você o é.
Eu não te amo simplesmente porque você é bom. Sua bondade vai além de um instinto natural ou de ações impensadas ou de gestos automáticos ou de uma ingenuidade incauta. Você é bom porque escolheu ser. Mesmo conhecendo toda a maldade que pode haver por aí, mesmo conhecendo gente com a alma tão pútrida e rochosa, você decidiu ser bom e faz isso com esforço, cautela e determinação.
Eu não te amo porque você nasceu com alguma inteligência sobrenatural ou algo do tipo. Ao contrário disso, você se esforça e busca o conhecimento e maravilhosamente se apraz nele, e se interessa por cada novo assunto que lhe é apresentado. Porque você é culto, informado e se esforça constantemente para ser cada vez mais eficiente.
Eu não te amo apenas porque você é sincero. Mais do que isso eu admiro o seu esforço contínuo pra ser honesto consigo mesmo e pra reproduzir com fidelidade aquilo que você pensa e sente, independentemente de como você julga seus pensamentos e sentimentos e, principalmente, independentemente de como você acha que eu ou qualquer outra pessoa vá julgar. Eu te amo porque você transpõe, ainda que com dificuldade, as barreiras necessárias para ser franco dessa forma tão cuidadosa e não imposta. Eu te amo porque eu vejo o quanto é doloroso pra você falar comigo e se abrir pra mim, e porque eu sei que você se empenha, tudo isso tentando construir um laço cada vez mais forte e se esmerando em fazer com que participemos cada vez mais um do outro.
Eu te amo porque você não é nada apenas por ser, ou não tem nada apenas por ter, ou não faz nada simplesmente por fazer. Eu te admiro infinitamente porque você não permite que suas convicções e seus ideais se cristalizem e se tornem mero hábito ou conceitos ou rótulos de si mesmo, e porque você não os defende com olhos cegos e ouvidos tapados, mas reavalia diariamente as razões pelas quais você vive. E, porque eu sei que você reavalia, é bom acordar todo dia e perceber que você continua tendo certeza de nós dois.

Nenhum comentário:

Postar um comentário